"Vivemos hoje tempos que se distanciam daqueles modelos arcaicos, em que a obrigatoriedade de as mulheres se ocuparem exclusivamente das tarefas domésticas (que incluíam tomar conta dos filhos, da cozinha ou da roupa do marido) contrastava com a liberdade dos homens para trabalhar, votar, governar e movimentar-se livremente dentro e fora de todas as regras de conduta e princípios morais criados para manter as mulheres numa posição subalterna. Paralelamente, outras há em que as mulheres continuam a viver numa condição de quase invisibilidade". É esse o pano de fundo da peça "Isto é uma Mulher?", da Companhia de Dança Contemporânea (CDC Angola), a ser exibida durante seis dias em diferentes locais.

Os espectáculos dirigidos a maiores de 12 anos vão ser apresentados nos espaços exteriores do Memorial António Agostinho Neto (MAAN) - dias 20, 21 e 22 - e da União dos Escritores Angolanos (UEA) -27, 28 e 29 -, a partir das 18 horas.

A peça, uma criação conjunta de Ana Clara Guerra Marques e da coreógrafa Irène Tassembédo, do Burkina Faso, responde à pergunta "Isto é uma Mulher?", de forma aberta, com reflexões de ordem física, psicológica, social e antropológica.

"Criar uma peça sobre a mulher ou sobre mulheres pode parecer tão oportuno como arriscado ou mesmo imprudente, pois, às questões anteriores, juntam-se aquelas relacionadas com a construção e identidade de género, as quais estão, igualmente, longe de ser resolvidas. Se existem geografias onde estes assuntos são amplamente debatidos e existe espaço para a realização pessoal de todos, outras há que permanecem enclausuradas nos parâmetros conservadores, que a própria ciência já descartou, de uma definição Homem-Mulher circunscrita às características biológicas", explica Ana Clara Guerra Marques.

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