Mesmo com esta perspectiva ainda mais pessimista a fintar os mercados durante o dia de terça-feira e hoje, na abertura dos mercados, boas novas vindas da China, o maior importador mundial de crude e a segunda mais pujante economia do planeta, inverteram o sentimento e, já ao início da tarde de hoje as principais praças mostravam o barril a respirar de alívio e a subir para cima dos 43 USD em Londres, Brent, e dos 40 USD no WTI, em Nova Iorque, 43,29 USD e 40,98 USD respectivamente mais 1,89% e 1,94% que no fecho de terça-feira.

A economia chinesa, segundo os dados mais recentes das suas alfândegas, parece estar a reagir de forma distinta do resto do mundo, sendo que isso confirma o que o Fundo Monetário Internacional (FMI) acaba de revelar no seu relatório de perspectiva para a economia mundial onde coloca o gigante asiático como a única grande economia a crescer este ano, apesar da crise pandémica, levando essa realidade a uma recuperação substancial nos números referentes às suas importações da matéria-prima.

Mas as contas da OPEP estão a ser feitas contando com o crescente efeito dissuasor do consumo da pandemia, que está a ganhar corpo por todo o lado, levando a que na Europa estejam a ser anunciadas, dia após dia, novas medidas restritivas ao movimento de cidadãos para conter a propagação do novo coronavírus.

Assim, de acordo com o estimado pelo "cartel", a procura para 2021 vai crescer cerca de 6,54 milhões de barris por dia, para cerca de 96, 85 mbpd, aproximando-se já de valores pré-pandemia, mesmo que se esteja perante uma cifra que corresponde a menos 80 mil bpd que a anterior perspectiva.

Com esta revisão dos números e com a pandemia a ganhar terreno, segundo alguns analistas, a OPEP+, que agrega a OPEP e mais 10 países liderados pela Rússia, poderá rever igualmente a sua decisão de aumentar a produção quando terminar, em Dezembro, o programa de cortes em curso, que é de 7,7 mbpd, como ferramenta de controlo e reequilíbrio dos mercados.

Com o barril a não parecer querer descolar da casa dos 42/43 USD em Londres, mercado de referência para as exportações angolanas - 43,29 USD hoje às 15:00 - , mesmo que acima dos 33 USD usados para a elaboração do OGE revisto 2020, as economias mais dependentes do crude, como Angola, verão prolongar-se a agonia que vivem já há alguns anos, desde que em 2014 o barril iniciou uma caminhada para baixo da fasquia dos 100 USD que parece não ter retorno.

Porém, algumas dúvidas permanecem no horizonte e da sua definição vai depender muito do que será a realidade no sector petrolífero nos próximos anos, especialmente os conflitos militares, sociais e políticos que abrangem uma imensa geografia petrolífera, que vai da Líbia ao Azerbaijão, da Venezuela ao Irão, ou ainda do fracking norte-americano à gigantesca descoberta no Delta do Okavango partilhado pela Namíbia e pelo Botsuana.