Há meses que a pandemia da Covid-19 é quem mais ordena nos mercados internacionais do petróleo, seja no Brent, que é onde é definido o valor médio das exportações angolanas, seja no WTI, em Nova Iorque, pressionando em baixa ou aligeirando a pressão permitindo recuperações ténues.

Hoje, perto das 10:40, em Londres, o barril estava a valer, para contratos de Dezembro, 40.78 USD, menos 2.40% que no fecho de sexta-feira, enquanto em Nova Iorque, o WTI perdia, igualmente para contratos de Dezembro, 2.51%, para, 38.85 dólares por barril.

Entre o fecho de sexta-feira, apesar de a semana passada ser toda ela de perdas diárias, e a manhã de hoje, o barril de Brent "esvaziou" 2 USD, dos 42.74 para os 40.78 USD, sendo em Nova Iorque as perdas muito semelhantes, ligeiramente mais acentuadas devido à extrema gravidade da pandemia nos Estados Unidos e o aproximar das eleições com a iminente derrota eleitoral de Donald Trump, tendo em conta as sondagens.

O que leva os mercados a reagir em baixa com o aumento do número de casos em todo o mundo é o receio de que as quebras na procura se repitam, à imagem do que sucedeu em Março/Abril deste ano, quando a pandemia estava igualmente substancialmente fora de controlo na Europa e nos EUA.

Em ambos os lados do Atlântico e com os dois blocos económicos Europa/EUA a sofrerem um forte impacto pandémico, cujas repercussões no sector energético são imediatas, a par do regresso da Líbia aos mercados com mais de 300 mil barris por dia para já e com forte possibilidade de em menos de duas semanas passar um milhão, o barril começa claramente a "esvaziar".

A isto soma-se o aumento da produção previsto para 01 de Janeiro de 2021 no seio da OPEP+, organização que junta os Países Exportadores (OPEP) e um grupo de não-alinhados liderados pela Rússia, na ordem dos 2 milhões de barris por dia (mbpd), sendo que actualmente os cortes na produção estão nos 7,7 mbpd.

Mas o "cartel" tem mostrado suficiente flexibilidade para se adequar às circunstâncias internacionais e, como os sauditas e os russos têm vincado, se os mercados exigirem uma readequação dos planos, isso será considerado a seu tempo, embora os analistas estejam a sublinhar que a OPEP+ tem sido excessivamente cautelosa em anunciar novas medidas apesar da menor procura e a maior oferta oriunda da Líbia, país que está em fase avançada de negociações para a manutenção do cessar-fogo entre as forças rebeldes do general Khalifa Haftar e do primeiro-ministro Fayez al-Sarraj.

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