Se, até 2100, não forem encontradas alternativas às principais fontes de emissões poluentes, desde logo os combustíveis fósseis, a temperatura do Planeta Terra aqueçerá mais de 2 graus centígrados e isso terá um impacto na Humanidade de tal ordem que a vida deixa de ser viável para centenas de milhões de pessoas, no curto prazo, e pode ser insustentável de tal modo que inviabilize a continuidade da espécie humana.

Parece ser um cenário dramático aquele que aguarda a Humanidade, E é. Isso mesmo tem ficado claro, não só nos diversos estudos sobre o clima elaborados pela ONU ou por cientistas organizados com o objectivo de alertar os Governos dos grandes países para a urgência de uma acção concertada que permita limitar, já, e acabar com as emissões poluentes com efeito de estufa no futuro, sendo a data mais comummente aceite como limite máximo, 2050, exigindo isso que até 2030 muito do esforço gigantesco esteja feito.

"Estou aqui para lançar um alerta vermelho!", foi dizer o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, por diversas vezes e em diversos locais, onde o tema foi discutido nos últimos anos.

O alerta vermelho de Guterres é bem conhecido: ou o mundo descarboniza a sua economia ou a vida humana em sociedades organizadas deixa de ser viável a prazo. E isto não é um exagero do SG da ONU, são muitos os estudos elaborados pelos cientistas de maior reputação que apontam no mesmo sentido, como este, este ou ainda este.

Mas se os mais cépticos olham com desconfiança para estes "alertas vermelhos", desconfiam da possibilidade de a humanidade estar por um fio, as imagens difundidas pelas televisões internacionais, pelas agências de notícias ou pelos media online de todo o mundo, com fogos florestais que duram meses a fio no sul dos EUA ou na tundra siberiana na Rússia, em África ou na floresta Amazónia, os furacões que se sucedem a um ritmo nunca visto nos quatro cantos do mundo, cheias intensas, secas prolongadas por anos, milhões de deslocados por viverem em locais que deixaram de poder sustentar a vida humana, países-arquipélagos inteiros a desaparecerem sob as águas do mar que sobem dia após dia, calotes polares a desaparecerem sob o calor recorde nos polos... deviam ser bastante para se perceber que o alerta é vermelho... e carregado.

São perto de 200 lideres e organizações mundiais que a partir de hoje se concentram em Glasgow, na Escócia, para, mais uma vez, a 26ª desde a primeira COP, sigla para Conferência das Partes que integram a Convenção sobre o Clima da ONU, que reúne um conjunto alargado de Governos, organismos..., em Berlin, em 1995, se procurar furar aquilo que parece ser uma parede intransponível: reduzir drasticamente o uso mundial de combustíveis fósseis.

O que está por detrás desse impasse para se tomarem decisões duras é a inevitabilidade desse esforço ter um impacto profundo no modo de vida das sociedades mais desenvolvidas, porque a redução do consumo de energia vai obrigar a refazer os hábitos das pessoas e reduzir substancialmente o conforto a que estão habituadas.

E isso vai ser assim enquanto não for encontrada uma alternativa energética aos hidrocarbonetos, o que, até agora, apesar de alguns saltos tecnológicos importantes, ainda não sucedeu.

Ao mesmo tempo, a urgência de acção é de tal ordem, como os sinais disso se multiplicam diariamente, com o Planeta Terra a ceder ao efeito de estufa com cada vez maior evidência, que a Humanidade não tem tempo para esperar que a gasolina e o gasóleo, o fuel, o carvão... os combustíveis que alimental o motor da economia global, sejam substituídos por ouros., não poluentes, com igual ou maior densidade energética, o que quer dizer que, com a actual tecnologia não há nada que possa substituir o jet-fuel, para, por exemplo, manter um avião de passageiros no ar por longas horas.

A esperança de que isso aconteça é escassa. O líder da ONU, optimista, apesar de tudo, já veio dizer que ainda é possível um golpe de asa que mude de forma vigorosa a forma como este problema está a ser tratado, mas admitiu que muito mais ser preciso fazer.

A activista sueca, a jovem Greta Thunberg, 18 anos, que hás anos tem dedicado a sua adolescência e juventude à causa ambiental, e que se transformou numa das principais líderes globais da descarbonização, já disse, antes de chegar a Glasgow, que nada indica que algo de importante possa sair de mais esta COP, porque os Governo não conseguem sobrepor a existência à questão da economia e as implicações de medidas dramáticas mas nada quando comparado com o que aguarda o mundo no futuro cada vez mais próximo da catástrofe climática.

Com ela estão milhares de jovens e activistas de todo o mundo na cidade escocesa para, mais uma vez, procurar forças decisões que tardam, seja com intervenções para a imprensa seja em marchas pelo futuro previstas, apesar de mais de 10 mil polícias terem sido mobilizados de todo o Reino Unido para garantir a ordem e a segurança dos participantes.

PR a caminho de Glasgow

O Presidente da República chegou este Domingo, 31, à cidade escocesa de Glasgow, onde vai participar na COP26. Segundo a organização, com ele vão estar perto de 150 outros líderes de todo o mundo.

João Lourenço, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores, deverá discursar na COP26 ao longo da semana.

Durante a sua presença em Glasgow, como sempre sucede, o Chefe de Estado angolano vai manter uma intensa agenda paralela para discutir com outros lideres e organizações internacionais as questões principais com que se debate, interna e externamente, como sejam, em destaque, as económicas, ou ainda a persistente situação da Covid-19, além das ambientais.

Uma das possibilidades é que João Lourenço venha a falar com os seus homólogos africanos que já avançaram com medidas mais sólidas na defesa do ambiente que Angola, onde estas são ainda ténues.

Os exemplos são extensos, desde logo a questão das queimadas, um problema sério em Angola e para as quais não estão aplicadas soluções mas que noutros países estão a ser enfrentadas de forma vigorosa, ou ainda a questão dos plásticos de uso único, como os sacos plástico ou os invólucros não reutilizáveis, que são um problema nas cidades, especialmente em Luanda, onde se acumulam às toneladas nas valas de drenagem e que acabam, invariavelmente, no mar quando chove.

Nalguns países do continente foram já implementadas medidas radicais contra os sacos plástico e outros invólucros neste material que se mantém intacto ao longo de décadas na natureza e são responsáveis, por exemplo, pela dispersão dos micro-plásticos que se espalham pelos mares de todo o mundo.