Com esta decisão, o Governo sul-africano garantiu, desde logo, que estará na linha da frente para receber parte das doses iniciais da cura para a Covid-19, que já contaminou 106 mil pessoas no país com o número de mortos a ultrapassar a fasquia dos 2.100.

Apesar da polémica que surgiu em Abril, depois de dois médicos franceses terem proposto ensaios em humanos no continente africano, a África do Sul surge como o primeiro país africano a acolher um ensaio para uma vacina que pode ser a primeira, entre mais de uma dezena em desenvolvimento noutros tantos laboratórios de todo o mundo, a surgir no mercado comprovadamente eficaz no combate à infecção por Covid-19.

Neste ensaio, que conta com a colaboração local da Universidade de Witwatersrand, vão participar cerca de 2.000 pessoas, que, para isso de inscreveram voluntariamente, incluindo algumas dezenas de portadores de HIV.

Denominada ChAdOx1 nCoV-19, a vacina vai ser inoculada nos primeiros voluntários já esta semana, segundo avançou à imprensa, a partir de Joanesburgo, Shabir Madhi, investigador ligado ao ensaio clínico.

Em países como o Brasil, os EUA, alguns europeus e o Chile, estão entre os que estão prestes a avançar para ensaios em humanos, naquilo que é a corrida mais disputada em décadas na busca de uma solução para uma doença que afecta quase toda a humanidade.

Recorde-se que a testagem em humanos no continente africano esteve na génese de uma forte polémica em Abril, quando, como o Novo Jornal noticiou, a Organização Mundial de Saúde se juntou a vários artistas e desportistas que acusaram dois médicos franceses de racismo e neo-colonialismo por aconselharem a realização de testes para uma eventual vacina em países africanos.

No entanto, como o ministro da Saúde sul-africano, Zweli Mkhize, admitiu a situação no país é de tal modo grave, com risco de colapso do sistema de saúde, com o número de casos em forte crescimento e mortes a sucederem-se, que era inevitável não estar na linha da frente do processo de desenvolvimento de uma vacina que acabe com este drama global.

E, com o aproximar do tempo frio na África Austral, as autoridades sul-africanas temem que apesar da situação ser já grave, esta se torne devastadora com sucessivos picos de infecções.