A ideia foi apresentada recentemente pela ministra provincial da Saúde do Cabo Oriental, Nomakhosazana Meth, e tem como objectivo resolver um problema estrutural na África do Sul, onde apenas 40% dos vacinados contra o Sars CoV-2 são homens com mais de 35 anos, sendo esta percentagem ainda menor, 38%, nesta região.

Vai daí, Nomakhosazana Meth teve uma ideia que pode, se não resolver o problema de vez, pelo menos atenuá-lo: cabe às mulheres decidirem se os seus maridos têm direito a sexo ou não. As que aceitarem o desafio da ministra da Saúde do Cabo Oriental só têm de mandar o marido dormir na sala até ter o certificado de vacinação.

A ideia foi divulgada depois de esta província ter tentado resolver o problema de outra forma, depois de as estatísticas deixarem em evidência que as mulheres se estão a vacinar, mas os homens não, ou se estão, são-no em menor número.

Primeiro as autoridades do Cabo Oriental tentaram ir aos bares, tascos e tabernas, onde os homens se encontram após o trabalho, com equipas preparadas para administrar as vacinas... mas nem assim. Antes já se tinham tentado outras estratégias, indo aos locais de trabalho, por exemplo.

Por detrás desta recusa estão vários receios e mitos, desde logo o de que a vacina induz perda de potência sexual masculina ou que os homens deixam de poder gerar filhos.

Se a estratégia vai resultar entre os seis milhões de habitantes desta província, só o tempo o dirá, mas o que se sabe naquelas bandas, como no resto do mundo, como a ministra Nomakhosazana Meth disse, citada pela imprensa local, é que se Maomé não vai à montanha, terá a montanha de ir a Maomé.

A taxa de vacinação no continente africano é das mais baixas do mundo, com variações entre os 60% nas Seichelles, aos 1,3% no Gana, passando pelos 2,2 em Angola, onde, nos últimos dias, o número de mortos pelo Sars CoV-2, a bater recordes diariamente em casos e óbitos, ultrapassou o número de vítimas por malária, ou 5,5 no Botsuana, por exemplo, sendo que na África do Sul, apesar de ser um dos países africanos com a taxa mais elevada, cerca de 20%, esta não traduz a capacidade que o país tem para vacinar os seus cidadãos, que é muito superior mas esbarra na recusa de uma boa parte da sua população, especialmente a masculina.

Os analistas admitem que uns dias no sofá e sem sexo podem fazer os homens sul-africanos mudarem de ideias... e do sofá para o quarto do casal. E a ideia poderá alastrar a outros países do continente.