A proposta consta do relatório que a missão vai submeter à reunião extraordinária do Comité Ministerial do Órgão da Política de Defesa e Segurança da SADC, agendada para quarta-feira em Maputo, e à Cimeira Extraordinária da Troika da SADC, marcada para sexta-feira, também na capital moçambicana.

"A equipa de avaliação propõe o destacamento imediato de uma força de alerta da SADC para ajudar as FADM [Forças Armadas de Defesa de Moçambique] no combate à ameaça do terrorismo e actos de extremismo violento em Cabo Delgado", lê-se no documento.

A maioria dos militares da SADC será constituída por 1.860 elementos de três batalhões de infantaria ligeira, seguidos de 140 elementos de duas unidades de forças especiais e 120 de uma equipa de comunicações.

Os sectores de unidade de engenharia militar e logística serão compostos por 100 efectivos, cada, cabendo às restantes áreas os outros elementos.

Em termos de meios, a equipa de avaliação propõe que sejam enviados para Moçambique dois navios de patrulha, um submarino, um avião de vigilância marítima, seis helicópteros, dois drones e quatro aviões de transporte.

A intervenção militar da SADC na guerra em Cabo Delgado deve obedecer a quatro fases, propõe ainda a missão de avaliação da organização regional.

A primeira será de recolha de informações por terra, ar e mar, visando adquirir um conhecimento profundo do "inimigo", e a segunda será do envio imediato de forças especiais para a condução de operações contra alvos seleccionados e eliminação da criminalidade marítima na área de operação.

A terceira fase consistirá nas operações de pacificação e a quarta na retirada da força da SADC.

O relatório considera "prioritária" a assistência humanitária aos deslocados internos dos ataques armados em Cabo Delgado e a formação das FADM em "inteligência militar".

A missão de avaliação propõe que deve ser dada formação e treino às FADM para o combate ao terrorismo.

"As FADM precisam de apoio imediato nos sectores aéreo, marítimo e operações terrestres", refere-se no texto.

Para a eficácia da participação da SADC no combate aos grupos armados, a equipa de avaliação propõe a criação de um mecanismo de coordenação que vai integrar uma coordenação das componentes civil e militar e um centro conjunto de informações.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo "jihadista" Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projecto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.