Segundo estão a relatar os media locais, estes ataques no noroeste da Nigéria, ainda não estão controlados e teme-se que o número de mortos possa crescer de forma significativa, seja porque os ataques continuam, seja porque novos cadáveres venham a ser encontrados.

Os relatos de sobreviventes apontam para um cenário onde grupos de homens armados e montados em motorizadas, normalmente com dois passageiros, atravessam as aldeias, uma atrás da outra, matando todos os que encontram no seu caminho e queimando as casas que conseguem.

Estes grupos armados não têm ligação directa com os terroristas do Boko Haram, que têm o estado de Borno, na outra ponta no norte da Nigéria como palco central da sua actividade, sendo, antes, organizados para a actividade criminosa de roubo, raptos e extorsão com o fim único de ganhar dinheiro, sendo localmente conhecidos como "bandidos das motorizadas".

Embora este modos operandi não seja comum na sua actividade criminosa regular, que mantém há largos anos no noroeste da Nigéria, os ataques aleatórios agora verificados são vistos entre a população como uma resposta feroz ao recente uso de meios aéreos pelas autoridades federais para os combater nos seus redutos, quase sempre em áreas de mato denso ou aldeias deslocadas e de difícil acesso por terra.

O contra-ataque das autoridades de Zamfara e centrais, recorrendo ao Exército, foi precedido de uma classificação destes grupos como terroristas pelo Governo de Abuja, o que deu azo à utilização de meios militares na sua perseguição ao invés das tradicionais forças policiais, com menor capacidade em meios e homens preparados para enfrentar este tipo de guerrilha.

Os "bandidos" são responsáveis por dezenas de milhares de pessoas deslocadas das suas casas em quase uma década e os seus ataques têm estado fora dos radares dos media nigerianos de abrangência nacional bem como da imprensa internacional... até agora.

A Nigéria tem actualmente várias frentes de violência armada, sendo que a mais séria é no nordeste, devido à acção do jihadismo islâmico do Boko Haram e de outros radicais da mesma estirpe religiosa, mas também no sul, no Delta do Níger, onde se concentra a grande produção petrolífera deste que é o maior produtor de crude africano e o país mais populoso do continente, com mais de 210 milhões de habitantes e uma longa história de perturbações político-militares e sociais (ver notícias relacionadas no fundo desta página).