Dependente e sem autoridade para falar em voz alta, mas com astúcia para ajudar a olear a máquina e encomendar "pareceres à medida", o poder judicial não passava de uma "mulher a dias" ao serviço de quem mandava no poder político.

Os sistemas autoritários, mesmo quando tingem a toga dos juízes em tons coloridos, funcionam sempre da mesma maneira. Assim foi em Portugal ou no Brasil.

E assim se repetiu a dose também por aqui...

Nestes dois últimos anos do primeiro mandato do Presidente, assistiu-se ao ensaio de uma nova ordem no sistema nacional de justiça que, ao mesmo tempo que transmitia aos cidadãos uma nova auréola de esperança, dava mostras de pretender romper com o seu esclerótico estatuto: prisioneira do poder político.

Sendo a justiça parte do problema, era, ela própria, detentora de problemas que andavam embalsamados pela volúpia do dinheiro que encardia e comprava a consciência de quem tinha que decidir de forma independente do poder político.

Sendo a justiça parte do problema, era, ela própria, palco das habituais lutas de poder protagonizadas por egos inchados de vaidades que se digladiavam para ver quem melhor se servia e quem melhor servia a quem mandava.

Sendo a justiça parte do problema, era, ela própria, portadora do mesmo vírus que, de forma demolidora, por aqui também dilacerava e continua a dilacerar no plano moral, ético e cívico, a sociedade: a corrupção.

Dois anos depois, é verdade que se registaram alterações de vulto na forma dos agentes da justiça estarem perante a sociedade, mas também não menos verdade é que, em muitos aspectos, pintou-se a fachada mas mantiveram-se os cozinhados no armazém...

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)