Há trinta anos tudo indicava que "aquilo" era para ser levado a sério. Há trinta anos tudo indicava que "aquilo" era para ser levado até às últimas consequências.

Era isso que se impunha perante a grave crise que então devastava o país. Era isso que parecia mobilizar e determinar, como imperativo político e económico inadiável, a agenda do poder político.

Almofadada a intenção com paninhos quentes, cedo se percebeu, porém, que, agregando-se-lhe um festival de fogo de artifício, já então, como dizia um amigo de um amigo meu, recusávamos aceitar que não estávamos a dar conta que não dávamos conta do fracasso do fogacho...

Não foi preciso dar a volta ao mundo. Não foi preciso esperar por muito tempo. Bastou pinchar as páginas do "Jornal de Angola" e infectar os microfones da Rádio Nacional e os ecrãs da Televisão Popular com um famigerado "Decretão".

Com o dito, fora cozinhada e encomendada no Conselho de Ministros uma folclórica receita a que os astros da época deram a pomposa designação de "programa de medidas de impacto económico e social".

O dito, alinhavado às três pancadas, continha verdadeiras preciosidades e aparentava ser de uma eficácia absolutamente infalível!

Tão eficaz, e ao mesmo tempo tão anedótico, que uma das suas "pérolas" atirava para o Governo a incumbência de mandar lavar as casas de banho dos aeroportos. Trinta anos depois, perante a chegada do Coronavírus, o estado das casas de banho dos estabelecimentos de ensino público, ilustra bem a eficácia populista do "vírus" da época...

Trinta anos depois, munidos de creolina, potassa e esfregão, temos agora é que estar determinados a desinfectar em primeiro lugar o próprio Governo.

E trinta anos depois não basta ter expurgado das suas fileiras a monumental desgraça que, por descarado atrevimento, foi, até esta semana, a breve e desastrosa passagem pelo Executivo da última Ministra da Educação.

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