Depois de as primeiras vacinas começarem a ser aprovadas, surgiram campanhas publicitárias e lutas entre fabricantes de vacinas quase nunca motivadas pela eficácia da vacina e muitas vezes dependentes de guerras económicas que fizeram valorizar acções de empresas da poderosa indústria farmacêutica. Não tardou que os debates também focassem na eficácia de cada vacina, no número de doses, no intervalo de tempo entre doses, na definição de grupos etários para o processo de vacinação, entre outros aspectos que fomos acompanhando com um misto de surpresa e resignação.

À medida que os planos de vacinação foram sendo delineados e implementados acendeu o debate da emissão de certificados digitais que poderiam ou não pôr em risco as liberdades dos cidadãos. Imposições de governos e recomendações estritas de especialistas (os que têm o devido espaço) geraram manifestações em que o distanciamento físico nunca foi relevante e quase sempre atropelado. No nosso País, continuaram-se a viver várias realidades com rigorosas restrições em determinadas actividades e uma completa despreocupação em outras como passeatas e marchas populistas.

Uma vez iniciada a vacinação em Angola, com altos e baixos, desde sistemas organizados e elevada afluência até roturas de stock de vacinas e desinformação, outros desafios foram surgindo levando ao desinteresse pela vacinação, particularmente da segunda dose.

Mais uma vez, a coberto do interesse de saúde pública, são aprovadas medidas de gabinete que, por um lado, restringem a liberdade de movimento de cidadãos, mas, por outro lado, pretendem assegurar um combate cerrado ao vírus. Ainda é cedo para perceber quais das medidas acima adoptadas foram as mais adequadas, pois o mundo caminha meio trôpego e às escuras. Continuam a existir muitas incertezas sobre a eficácia da vacina sobre as variantes que vão surgindo, sobre a necessidade de revacinação e sobre muitos outros aspectos. Uma coisa é certa, o mundo não vai ser mais igual, e será sempre desigual.