Entre as mais de 200 pessoas que estão concentradas à porta do TPL, estão familiares e amigos dos detidos, incluindo jornalistas e dirigentes da UNITA, partido que se juntou ao protesto organizado pelo Movimento Revolucionário e pelo Movimento pela Cidadania.

Como o Novo Jornal constatou antes do início do julgamento, os detidos foram levados para o "Dona Joaquina" em grupos separados enquanto os familiares e amigos dos detidos gritavam palavras de ordem para exigir a libertação dos jovens, sublinhando que se tratam de detenções sem justificação.

A UNITA divulgou um comunicado, entretanto, onde exige a "libertação incondicional" dos detidos, como o Novo Jornal noticia aqui,

Pelas 11:00 já tinha chegado um grupo de detidos, onde estava inserido o activista Nito Alves.

Os 103 detidos vão ser sumariamente julgados em três locais: no "Dona Joaquina", no Tribunal da Comarca do Kilamba Kiaxi e no Tribunal Provincial de Benfica.

Segundo o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, entre os detidos estão, para além dos elementos das organizações da sociedade civil que organizaram o protesto popular, Movimento Revolucionário e Movimento para a Cidadania, dirigentes da UNITA, que, a meio da semana, ao Novo Jornal, explicou que juntava o seu apoio ao protesto como forma de pressionar o Executivo para se empenhar no combate ao desemprego e aos problemas sociais que Angola atravessa.

Nas suas declarações à TPA, o governante adiantou que no tribunal vão estar 90 homens e 13 mulheres acusados de "arruaça e desobediência" porque a manifestação estava proibida pelas autoridades.

Entre os detidos de Sábado estão, segundo o Sindicato dos Jornalistas Angolanos seis jornalistas, que estavam apenas a cobrir os acontecimentos, entre estes quatro profissionais da Rádio Essencial e do jornal Valor Económico, e um fotógrafo.

Para diluir a manifestação, a PN recorreu a centenas de elementos da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), da cavalaria e das brigadas caninas.

A governadora provincial de Luanda (GPL) fez declarações violentas à imprensa contra a manifestação onde alertou para o risco de repetição de episódios violentos do passado no país e pediu a vigilância contra a manipulação dos jovens por "alguns" que têm objectivos inconfessos.

Com estas palavras, a governadora de Luanda deixou claro que o Estado vai impor a sua força contra este tipo de protestos populares nesta fase em que o Pais atravessa uma crise sanitária no rasto da pandemia da Covid-19, que acumula com uma crise económica severa e quando Angola se aproxima de mais um período eleitoral que se adivinha quente.