O líder do Grupo Parlamentar do MPLA, Virgílio Fontes Pereira, que leu a declaração de voto do MPLA, afirmou que "sem esta revisão, os cidadãos angolanos na diáspora não teriam hoje a certeza de que poderão votar em 2002".

"Sem esta revisão, não poderíamos caminhar no sentido de clarificar o paradigma do controlo e fiscalização da Assembleia Nacional. A outra razão tem a ver com o alargamento da base de legitimidade de todo este processo que contou com a participação de vários poderes: Presidente da República, os tribunais, os órgãos do poder judiciário, Parlamento, sociedade civil, parceiros sociais, igrejas e jornalistas e até da participação pontual de cidadãos na diáspora e dos consensos obtidos com os partidos políticos da oposição", acrescentou.

Para o MPLA, existem vários pontos fortes desta revisão, nomeadamente a iniciativa do próprio Presidente da República, e a orientação da direcção do MPLA, que permitiu que o Grupo Parlamentar do partido pudesse agilizar politicamente a auscultação institucional que ocorreu.

A vice-presidente da UNITA Arlete Chimbinda, que leu a declaração de voto, disse que o seu partido se absteve por entender que a aprovação deste documento, "não tornará a Constituição mais cidadã e mais democrática".

"A UNITA defende o direito de voto por parte de todos os cidadãos, por isso entendemos que, se temos todos os mesmos direitos e os mesmos deveres, devemos ter as mesmas oportunidades de participação política", afirmou Arlete Chimbinda. E acrescentou: "O facto de não existir igualdade entre os cidadãos angolanos partidários e apartidários no concurso à mais alta magistratura política do País, em igualdade de circunstâncias, sem recurso aos partidos políticos, ditou a nossa abstenção".

"O facto de os cidadãos angolanos no exterior do país não terem a oportunidade de serem eleitos num círculo eleitoral específico para a diáspora, ditou também a nossa abstenção.

A possibilidade, mesmo que hipotética, de um vice-Presidente da República poder exercer três mandatos presidenciais, de 15, 14 ou 13 anos, em clara violação do artigo 113º que impõe dois mandatos de cinco anos, para cada cidadão angolano, também foi motivo da nossa abstenção", destacou ainda a deputada da UNITA.

Para o Grupo Parlamentar do Galo Negro, " não menos importante, a fiscalização por esta revisão imposta aos angolanos, de a Assembleia Nacional estar limitada a fiscalizar apenas o mandato em curso, violando o princípio da continuidade dos actos da Administração e diminuindo o verdadeiro papel de órgão fiscalizador, quer da actividade do Executivo, quer da actuação da Administração Pública do Estado, não podia ter um outro voto que não fosse a abstenção".

"Pelas questões votadas em consenso e pelas questões que representam retrocesso, o nosso sentido de responsabilidade patriótica, apela à prudência, por isso, votamos abstenção", disse por último a deputada da UNITA.

O líder do Grupo Parlamentar da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, disse que encontrou na revisão constitucional um avanço para os angolanos na diáspora, mas deixou críticas e alertas.

"No recuo encontrámos infelizmente a manutenção da partidarização das instituições do Estado", frisou, destacando, apesar de tudo, avanços sobre a autonomia do Banco Nacional de Angola.

"O BNA deve ser apartidário, sem qualquer interferência de um partido político", concluiu.

O presidente do PRS, Benedito Daniel, disse que votou a favor porque o Presidente da República procurou tão-somente inovações para construir uma sociedade melhor.

"Apresentámos as nossas posições, manifestámos pontos de vista diferentes, deveríamos ter feito melhor, mas o importante foi compreender-se que em todos os assuntos o interesse dos principais participantes deve ser examinado cuidadosamente e acautelado", frisou.

"Saudamos a democracia constitucional que foi cumprida ouvindo todas as forças da sociedade. A revisão Constitucional foi baseada em princípios duradouros", concluiu.

Argumentado o seu voto a favor, o presidente da FNLA, Lucas Ngonda, disse que isso foi possível no sentido de caminharem juntos na procura de soluções para o País.

"Apesar das discussões na especialidade e generalidade, não foi encontrado um modelo da institucionalização das autarquias locais. Este problema está entregue ao futuro jurídico", lamentou.

A FNLA entende que a motivação da revisão da Constituição deveria encontrar a sua sustentabilidade na prevenção do bom funcionamento das instituições para o futuro e não somente na satisfação dos problemas conjunturais.