Numa sala que vai aplaudindo à medida que João Lourenço fala, o tema manifestação tem estado presente, mas o Chefe de Estado foi dizendo que, perante o momento difícil que o País vive, com a crise económica e financeira provocada pelo baixo preço do petróleo (situação que não depende de Angola), o grande nível de envidamento externo (pois as receitas em divisas que o País produz destinam-se a honrar compromissos), e mais recentemente a Covid-19, "e" natural que as dificuldades aumentem, não se poderia esperar outra coisa".

Sobre a proibição das recentes manifestações, João Lourenço lembrou aos jovens que face à pandemia de Covid-19 e à necessidade de "protecção dos cidadãos", o decreto que define as restrições impostas pelo estado de calamidade proíbe ajuntamentos, "e uma manifestação equivale a um ajuntamento".

"Uma coisa é termos o direito, outra e" podermos exercer esse direito", afirmou o Presidente, para dizer que, "temporariamente", o direito à manifestação está suspenso.

O Chefe de Estado convidou para um encontro, esta quinta-feira, em Luanda, representantes de associações juvenis para ouvir "as principais preocupações da juventude", segundo o comunicado de imprensa da Casa Civil da Presidência.

Este convite surge depois de as manifestações de 24 de Outubro e 11 de Novembro, fortemente reprimidas pela Polícia Nacional, terem juntado milhares de jovens que exigiam melhores condições de vida, uma data para a realização das eleições autárquicas em 2021, e que o Presidente afaste o seu director de Gabinete, Edeltrudes Costa.

O enconto começou com um minuto de silêncio em memória de Inocêncio de Matos, estudante morto pela polícia na manifestação de 11 de Novembro.

Sobre a questão da habitação, o Presidente da República disse que o problema está longe de estar resolvido, apesar dos esforços já feitos nas distintas províncias, apelando a que os investidores privados voltem a investir no sector imobiliário depois do boom de há alguns anos, que foi travado, "provavelmente por causa do crédito malparado".

João Lourenço apelou a que a banca comercial volta a dar crédito para o sector do imobiliário, cansando os interesses dos empresários e os seus.

E lembrou que, como é disso exemplo as centralidades erguidas em todo o País, o Estado tem apenas obrigação de construir habitação social mas o que fez tem um estatuto muito superior a isso. Mas não pode ser o Estado a resolver este problema sozinho.