Mais de três mil professores do ensino superior público ameaçam partir para uma greve neste início de ano lectivo caso não cheguem a acordo com a instituição patronal. Em causa está um caderno reivindicativo que tem sido apresentado ao Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), desde 2013, pelo Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES).

Contactado pelo Novo Jornal, o secretário-geral do SINPES, Eduardo Alberto Peres, fez saber que das reivindicações dos professores constam uma dívida de mais de três mil milhões de kwanzas referentes a subsídios e salários, a falta de eleições para indicação de gestores das instituições de ensino, péssimas condições de trabalho, falta de assistência médica e de fundos para a investigação científica, assim como o estado avançado de degradação em que se encontram várias universidades públicas do país.

O sindicalista refere ainda que várias vezes reuniram com MESCTI a fim de verem resolvidas as preocupações constantes do caderno reivindicativo, mas sem sucesso.

"Há uma semana tivemos outra reunião com o Ministério das Finanças e do Ensino Superior e ficou a promessa de que, no princípio do mês de Março, começariam a resolver a questão da dívida", explicou Eduardo Peres.

Observou que não foi a primeira vez que as entidades citadas garantiram liquidar a dívida. "Caso volte a acontecer, convocaremos uma assembleia geral no intuito de levantarmos uma greve por tempo indeterminado, logo no começo do ano académico", refere o secretário-geral do SINPES.

Outra questão levantada pelo docente universitário tem que ver com eleições para indicação de gestores das instituições de ensino superior como recomenda a lei, uma prática que, segundo ele, "já não acontece há 10 anos". Para inverter o quadro, os professores pretendem voltar a realizar eleições nas universidades públicas, a partir do mês de Abril.

"As eleições devem ser realizadas em todas as instituições do ensino superior.

Há dez anos que [as eleições] foram abolidas por iniciativa do Governo. E entramos numa gestão danosa, as instituições de ensino perderam o rigor académico e científico. Não queremos ser cúmplices da má qualidade de ensino em Angola, por isso, demos até o mês de Abril para que retornem às nomeações, como manda a lei", precisou.

A falta de laboratórios e bibliotecas condignas também fazem parte do leque de reclamações dos docentes universitários.

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