Em Luanda, apesar de não haver ainda especulação de preço nem uma enorme procura, já se pode notar em diversos postos de abastecimento de combustível alguma escassez, como o Novo Jornal constatou nos últimos dias, mas o problema assume especial gravidade em províncias no leste e norte de Angola

A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (SONANGOL), responsável pela distribuição transporte e comercialização de combustíveis remeteu-se ao silêncio quando contactada pelo Novo Jornal de forma a esclarecer o assunto.

A procura de gasolina leva muitas pessoas a pernoitarem nos postos de abastecimento, sobretudo nas províncias da região leste, onde as longas filas de viaturas e motorizadas são notória em quase todas os postos.

Na província do Lunda-Sul, o combustível é vendido acima do valor real a escassos metros dos postos de abastecimentos, sob olhar silencioso das autoridades, por vezes a mais de mil Kz o litro.

Camionistas que fazem o percurso Luanda/Cabinda, passando pelo território da República Democrática do Congo (RDC), manifestaram descontentamento pela constante falta de combustível nos postos de atendimento de alguns municípios da província do Zaire.

Em declarações à Angop afirmaram que a situação é recorrente e tem criado constrangimentos aos automobilistas que fazem longo curso, transportando bens diversos para a província mais ao norte do País.

Em Malanje, Pedro Ngunza, automobilista, contou ao Novo Jornal que a província tem escassezes de combustível e que o abastecimento tem sido de forma intermitente, o que provoca grandes filas nos postos de abastecimento.

Nas províncias como, Uíge, Moxico, Zaire, Lundas Norte e Sul, Kwanza-Sul, Huambo, Benguela, Cabinda e Bié, por exemplo, um litro de gasolina, comercializado a 160 Kwanzas nos postos oficiais de abastecimento, chega a custar no mercado informal acima de 1.000 Kz.

O défice de combustível esta a deixar muitas cidades do País privadas do fornecimento de luz eléctrica, como sucede em cidades do Luena, Saurimo, Huambo, Catumbela, Sumbe e Kuito.

A província de Benguela regista uma escassez de combustível nos locais habituais de venda há mais de um mês, por essa razão, as actividades das pequeno e médias empresas foi afacetada de forma significativa há duas semanas e os pescadores não conseguem fazer-se ao mar por falta de combustível nos barcos.

Nati Viegas, a presidente da associação de pescas de Benguela, disse recentemente à TV Zimbo, naquela cidade, que algumas embarcações já não se fazem ao mar por falta de combustível há vários dias.

Na província do Moxico, a falta de combustível nas principais bombas causou, recentemente, uma onda de manifestação de moto-taxistas.

Os mesmos alegam que, para conseguirem abastecer as suas motorizadas, são obrigados a pernoitarem junto às bombas.

Os moto-taxistas alertam que adquirem um litro de gasolina, no mercado informal, a 1.300 kwanzas, enquanto o gasóleo, entre 700 a 800 Kz, muito longe do preço real das bombas de combustível que é 160 kz, a gasolina, e 130 kz o gasóleo.

A cidade do Luena, segundo uma fonte do Novo Jornal no Moxico, continua a registar problemas no fornecimento de energia eléctrica, há vários dias, por falta de combustível no grupo gerador que fornece energia à cidade.

Este mês, o governador provincial do Moxico, Gonçalves Muandumba, emitiu uma ordem à Polícia Nacional (PN), após reunir com os responsáveis da Sonangol e Prodel, para analisar a escassez dos combustíveis na província, para reforçar a fiscalização da venda de combustível para combater a escassez que se regista há meses.

Sobre o assunto, o Novo Jornal tentou sem sucesso ouvir explicações da direcção da Sonangol. Dionísio Rocha, o director de comunicação e imagem da petrolífera estatal não respondeu às mensagens enviadas pelo Novo Jornal.

Recentemente, uma fonte ligada à Sonangol Distribuidora garantiu que não existe falha na distribuição de combustíveis, alegando que o problema é de fiscalização.