"Exigimos que o Executivo delibere a livre circulação de pessoas e bens na vila de Cafunfo, conforme consagra o artigo 46º da Constituição da República, para permitir que os cidadãos possam entrar e sair, sem quaisquer impedimentos", lê-se num comunicado a que o Novo Jornal teve acesso.

"Denota-se, de forma clarividente, que há impedimento no acesso à vila do Cafunfo, ou seja, ninguém pode entrar e ninguém pode sair, parecendo tratar-se de uma reclusão comunitária. As razões motivacionais dessa restrição demonstram, claramente, a intenção de acobertar a realidades dos factos", acrescenta o documento.

O Grupo de Trabalho de Monitoria dos Direitos Humanos exige que " sejam constituídas comissões "ad-hoc" de inquérito, algumas das quais lideradas pela sociedade civil angolana, para que, de forma transparente, inclusiva e imparcial, possam fazer os diagnósticos ou as investigações que se impõem, com vista a apurar a matéria probatória dos factos ocorridos na vila do Cafunfo, enquanto pressupostos para a responsabilização civil e criminal dos seus autores".

"O Executivo, através dos órgãos de defesa e segurança, age em obediência ao primado da Constituição e da Lei, evitando procedimentos violentos como estes, já que tais atitudes beliscam a consolidação da paz, da reconciliação, da unidade nacional e da solidariedade entre os angolanos", acrescenta a nota.

"Na vila de Cafunfo, muitos concidadãos foram mortos. Para além disso, denotam-se, concomitantemente, medidas repressivas consubstanciadas na intimidação, perseguição e detenções, tudo por excesso de zelo, protagonizado pelos órgãos de defesa e segurança", acrescenta a nota.

Segundo o documento, a exploração dos diamantes naquela região contribui significativamente para as receitas do Estado, mas, paradoxalmente, não se observa o desenvolvimento económico e social almejado naquela região de Angola.

Esta organização não-governamental recorda que, desde o ano de 2014, o País regista uma crise económica provocada pelo baixo preço do barril do petróleo, o que que provocou uma recessão económica sem precedência.

"Este facto foi agravado com o desvio de fundos, perpetrado por altos funcionários públicos que, no exercício das suas funções, optaram por lapidar o erário público para benefício próprio e dos seus familiares", lamenta o comunicado, acrescentando que "o surgimento da Covid-19 o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço, viu-se incapaz de dar respostas concretas com vista a satisfação das necessidades dos cidadãos".