Quase dois anos depois de uma reportagem do Novo Jornal ter denunciado que o parque do Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola (INEMA) tinha 71 ambulâncias abandonadas, aquele organismo responsável, entre outros aspectos, pelo transporte de pacientes em estado grave, continua sem verbas para pôr os veículos a andar. De lá para cá, passaram exactos 20 meses, o INEMA até mudou de director, mas as viaturas continuam sem sair do "cemitério" para que foram atiradas. Aliás, apurou o NJ, das 71 ambulâncias, apenas restaram 63, mas a actual gestão desconhece o destino dado às oito em falta.

Azevedo Ekumba, director-geral do INEMA, em declarações ao NJ, refere apenas que o novo levantamento permitiu cadastrar 63 meios de locomoção avariados, num trabalho que permitiu, igualmente, concluir que algumas viaturas "já não têm recuperação". Aliás, prossegue o responsável, "mesmo recuperadas, já não serviriam para transportar pacientes, mas, sim, como alternativa para o apoio do pessoal técnico".

Na base da não-reparação dos meios está a falta de verbas. Em Setembro de 2020, quando o INEMA ainda era dirigido pelo cardiologista Mário Fernandes, a então gestão, baseando-se num suposto estudo, referiu que seriam necessários 90 milhões de kwanzas para se reparar, pelo menos, 30 viaturas, uma vez que as restantes 41 estavam num estado de degradação que desaconselhava o seu envio para o "mecânico".

Em contrapartida, hoje, quase dois anos depois, o actual director do INEMA reforça a ideia de que nem todas as viaturas podem ser reparadas, mas recusa-se, por outro lado, a revelar quanto custaria a reparação.

"Os veículos nunca foram abandonados. O que se passa é que nos debatemos com falta de financiamento. Precisamos de verba específica para executar o plano que temos em relação àqueles meios, que passam pela recuperação daqueles que têm avarias mínimas ou transformar em dadores de peças para a recuperação de outros carros", explicou o responsável, sem precisar os valores a serem desembolsados.

Ao que apurou o NJ, dentre as principais avarias apresentadas pela maioria das viaturas destinadas a transporte de pacientes, adquiridas pelo Estado em 2005, constam problemas de bomba injectora e avaria dos motores de arranque. No que diz respeito à especificidade de uma ambulância, os referidos meios apresentam problemas de células médicas, havendo um considerável número parado devido a envolvimento em acidentes.

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