A água consumida pelos moradores do Bairro Huambo, nas imediações do condomínio privado Morro Bento, em Luanda, é retirada de uma tubagem na fronteira entre o distrito da Maianga e o da Samba. Para adquirir água de forma gratuita, constatou o Novo Jornal, moradores são obrigados a "madrugar" junto ao viaduto que separa os dois distritos e enfrentar enormes multidões.

Numa ronda efectuada no local, observámos que, entre os moradores que vão à busca de água, estão crianças e adultos que, em grupo ou de forma individual, destemidamente "disputam" pelo precioso líquido que jorra, diariamente, das 03h00 às 07h00 da manhã.

Muitos moradores admitem não saber ao certo de onde vem a água nem se é própria ao consumo. Dizem apenas que começou a jorrar em 2010, quando se fez a manutenção da estrada e garantem que tem sido de "uma mais-valia", pois, sublinham, o bairro não tem água potável e os que a comercializam chegam a cobrar 100 kwanzas por bidão de 25 litros.

"Diariamente, o nosso sono acaba aqui. No bairro Huambo, sofremos com a falta de água potável, somos obrigados a despertar às três da manhã e vir até ao viaduto acarretar água por falta de possibilidades de comprar nos tanques abastecidos pelas cisternas", contam os moradores, agastados.

Por exemplo, Lucinda Sebastião, de 26 anos, vive com o esposo e os filhos no bairro. Aquando da reportagem, terça-feira, 18, a jovem contou estar de pé desde às 4 da manhã para ocupar a mangueira e ter acesso à água para casa. Com um balde branco à cabeça, relata os episódios vividos no fontanário improvisado.

"Vivemos um pesadelo. Estamos totalmente expostos a inúmeras enfermidades e entregues à sorte dos marginais, devido à hora que temos de estar aqui. Apelamos às autoridades para não se lembrarem de nós só nessa época de eleições. Sem água não se vive", lamenta a mulher, em companhia da sua vizinha.

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