A informação foi avançada por uma nota de imprensa da Casa Civil da Presidência onde se lê que João Lourenço, "no uso das suas prerrogativas constitucionais", exonerou, por decreto, o presidente do Conselho de Administração da EPAL, Diógenes Orsini Flores Diogo, substituindo-o por Fernando João Cunha.

Também os administradores executivos Pedro Manuel Sebastião, Ana Eduarda Assis de Almeida e Adão Manuel da Silva estão de saída, assim como o administrador não executivo Domingos António Candeia.

Num segundo despacho, o Chefe de Estado nomeou como administradores executivos da EPAL-EP Alberto Miguel Manuel, Ângelo Sebastião Filipe e Kubikiladia Bernardete Garcia, e como administradora não executiva Celeste de Jesus Sequeira Bragança.

No Conselho de Administração da EPAL mantêm-se Manuel Silva Lopes da Cruz (administrador executivo) e Armando João (administrador não executivo).

A administração da EPAL vinha sendo contestada quer por trabalhadores quer por consumidores. Desde Março a situação agravou-se, com a greve iniciada pelos trabalhadores, que exigiam melhores condições de trabalho e aumentos salariais.

Em Abril, o braço de ferro entre a administração da Empresa Provincial de Água de Luanda e os mais de 320 trabalhadores afectos à Confederação Geral de Sindicatos Livres de Angola (CGSILA), piorou, com os trabalhadores a fazer greve por tempo indeterminado e a não responder aos serviços mínimos, o que fez disparar ainda mais a contestação dos consumidores, que há muito se queixam da má qualidade da água que nem sempre jorra das torneiras.

Na centralidade do Kilamba e do KK 5000, por exemplo, os moradores queixavam-se de estarem há vários dias a receber água imprópria para o consumo, e de existirem quarteirões em que a água não corria nas torneiras.

O NJOnline ouviu, no início de Abril, os moradores, que relataram que a centralidade começou a registar falhas no fornecimento no dia 25 do Março, falha essa que ainda não estava resolvida porque a água que agora recebiam estava imprópria para ser consumida.

"A água está turva, muito amarelada, quando deixamos pousar em um recipiente, há restos de sujeira a acumular-se no fundo", disse Marcelina Kimbundo, acrescentado que "mesmo filtrando, o resultado é um líquido amarelado".

Fernandes André, outro morador, descreveu o cenário que a cidade do Kilamba apresenta como sendo de aflição.

"Essa situação tem sido um autêntico Deus nos acuda. Há famílias a usarem água mineral para o banho, porque a água que corre nas torneiras não serve nem para o tratamento do corpo", acusou.

"Ficar sem água no Kilamba é um caos. Estamos à deriva com bidons nas mãos à procura de água de um lado para o outro. A água é vida, pois sem ela não podemos fazer nada. Espero que a situação seja resolvida com a máxima urgência", referiu Fernandes André.

Estas situações são habituais na capital porque a água produzida pela EPAL diariamente corresponde a cerca de metade daquela que é efectivamente consumida.

A área urbana de Luanda gasta diariamente 1 milhão de metros cúbicos mas só é gerado meio milhão de metros cúbicos, permanecendo, apesar dos investimentos, um défice de cerca de 50%. A capital ainda tem um défice de aproximadamente 350.000 contadores.