Os hospitais públicos de Luanda de nível primário sofrem há, pelo menos, quatro anos de escassez de vária ordem, com maior incidência para a falta de reagentes para realização de exames clínicos e falta de fármacos, apurou o Novo Jornal, mediante um ronda por quase uma dezena de postos e centros de saúde de referência da capital.

Por exemplo, no Centro de Saúde Progresso, situado no município do Cazenga, há anos que não se fazem exames bioquímicos ou serológicos. Os técnicos de diagnóstico aí colocados limitam-se geralmente a realizar pesquisa de plasmódio ou exame de velocidade de hemossedimentação, vulgo VS. E mesmo para estas actividades, muitas vezes faltam materiais, pois, embora receba em média acima de 100 pacientes por dia, que lá recorrem para realizar mais do que um exame, o centro costuma dispor diariamente de apenas 100 lamelas, uma fina placa de vidro que se coloca em cima do material na lâmina para sua observação ao microscópio. Diante disto, conforme apurou o NJ, contam-se às dezenas o número de pacientes que acabam por regressar a casa sem obter assistência médica.

A situação, no entanto, está longe de ser um problema exclusivo do Cazenga. No Hospital Municipal da Samba, nos centros de saúde da Kinanga, Cassequele, Ilha do Cabo, Bairro Operário, Catambor, Boavista e Posto 15 do Prenda funcionam médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico que vêem o seu profissionalismo «atado» pela falta de reagentes e fármacos.

Por exemplo, consultado no Centro de Saúde do Cassequele devido a sintomas como febres altas, tosse e urina avermelhada, Manuel Adão, de 43 anos de idade, diz que no laboratório da referida unidade sanitária só foi possível fazer o exame de gota espessa, que lhe diagnosticou malária. O paciente teve de gastar 10 mil kwanzas para realizar os demais exames solicitados pelo médico num laboratório privado.

Quem viveu o mesmo dilema é Bento da Silva. Aos 19 anos de idade, o jovem, que procurou o Cento de Saúde da Kinanga, na Samba, critica o Governo por estar a inaugurar hospitais centrais sem, alegadamente, se preocupar com a escassez de reagentes nos laboratórios e a falta de medicamentos nos centros primários.

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