Florindo Pedro, também conhecido por "Cinco Becos", de 21 anos, está incomunicável há já três sessões e o tribunal pode emitir um mandado de captura a qualquer momento, uma vez que o réu está sob medida de coacção.

Uma fonte do Tribunal Provincial de Luanda, que preferiu não ser identificado, confidenciou ao Novo Jornal que a situação do réu pode vir a agravar-se nos próximos dias, uma vez que o mesmo está a desobedecer a uma ordem do Estado.

"O Estado é um elemento de bem! E todos sabemos qual será a decisão do tribunal em relação à ausência do arguido. A juíza não terá outra alternativa senão mandá-lo de volta à prisão, mesmo que eventualmente fosse inocentado, porque não se pode desobedecer aos tribunais", narrou a fonte.

Esta quarta-feira, 05, prossegue a audiência de julgamento com as alegações finais, que é a última oportunidade dos advogados se manifestarem sobre tudo o que ocorreu nos autos, antes da sentença, que, segundo apurou o Novo Jornal, será conhecida ainda este mês.

Florindo Pedro, o jovem ausente, está a ser defendido por um advogado oficioso por alegadamente não ter recursos financeiros para constituir um defensor.

Com o réu estão também a ser julgados mais dois jovens, Domingos Palanca Kulembe e Manuel Bingas Domingos, conhecidos por Filho Diamuené e Mané, respectivamente.

Os réus são acusados de ter assassinado a tiro um cidadão de nacionalidade portuguesa, Pedro Miguel Rodrigues Gonçalves, de 41 anos, dentro da viatura, no Município do Talatona, em Luanda, em Abril de ano passado, e respondem pelos crimes de associação de malfeitores, porte ilegal de arma de fogo, roubo qualificado e homicídio.

Dois dos réus, Florindo Pedro e Manuel Bingas Domingos, após o acto criminal, colocaram-se em fuga para as suas terras de origem, em Benguela, onde foram capturados por efectivos da Polícia Nacional (PN) e do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e enviados de volta para Luanda, onde praticaram os crimes de que são acusados.

De recordar que os factos acorreram no dia 23 de Abril de 2019, por volta das 18:00, quando o arguido, Domingos Palanca Kulembe, na companhia do seu comparsa, que atende pelo nome de Félix, foragido da justiça, se dirigiram a casa do réu Manuel Bingas Domingos, onde alugaram uma motorizada ao réu por cinco mil kwanzas, para posteriormente rumarem para a via pública para praticaram assaltos.

Constam da acusação que os meliantes surpreenderam um cidadão, de nome Angelino Carlos Macedo, que se fazia transportar por uma motorizada, quando foi surpreendido e ameaçado de morte com uma arma de fogo do tipo AKM, de cano cortado para lhe subtraírem a motorizada.

Minutos depois, o réu Domingos Palanca Kulembe e o prófugo Félix, já montados numa motorizada cada um, abordaram o cidadão português, que se encontrava ao volante de uma viatura, nos arredores do bairro Benfica, com o objectivo de cometeram mais um assalto.

Segundo a acusação, o réu e o seu comparsa ordenaram ao cidadão português que baixasse o vidro da viatura, este, por não ter aceitado baixar o vidro, foi surpreendido com dois disparos que o atingiram mortalmente, tendo os malfeitores fugido de seguida.

No entanto, a motorizada que foi roubada ao cidadão Angelino Carlos Macedo era da empresa Casa dos Frescos e tinha o sistema GPS, e, quando os réus se aperceberam do sistema e o desmontaram, já a PN o tinha localizado e foi possível deter um dos réus, em Viana, e capturar outros dois na província de Benguela.