A Organização Mundial de Saúde (OMS), que declarou na passada semana um alerta mundial de saúde pública , avançou na terça-feira que, apesar de já estarem confirmados casos em 25 países, ainda não existe uma razão sólida para considerar que se trata de uma pandemia, mas sim uma epidemia com múltiplos focos de contágio.

Apesar de a lista de mortos já ter ultrapassado o total de vítimas fatais do Síndrome Respiratório Aguda Grave (SARS) de 2002/2003 na China em apenas cerca de um mês e meio, a taxa de letalidade deste tipo de coronavírus, mesmo sendo da mesma família, é mais baixa, cerca de 2,2 por cento, enquanto a pandemia de há 18 anos foi de quase 10 por cento.

Durante o dia de terça-feira foi anunciado que tinham morrido mais 65 pessoas, embora vários vídeos divulgados nas redes sociais fora da China mostrem um cenário que contraria a tranquilidade que, apesar de tudo, afirmada pelas autoridades sanitárias chinesas e como a OMS insiste em sublinhar como forma de evitar a declaração de pandemia.

Em todo o mundo, o SARS, entre 2002 e 2003, fez pouco mais de 750 mortos, cerca de metade na China, e esta até agora oficialmente epidemia, que emergiu em Wuhan no último mês de 2019, já vai em meio milhar, sendo que fora da China foram confirmados apenas 3 casos.

Os especialistas sublinham que este coronavírus aparenta uma menor letalidade embora uma capacidade de transmissão entre humanos maior, visto que apenas em dois meses já abrangeu mais de 24 mil pessoas em todo o mundo quando a pandemia de 2003, foram conformados apenas pouco mais de 6.000.

Fora da China é o Japão que apresenta o maior número de vítimas, 33 até hoje, enquanto na Europa é a Alemanha que tem o maior número, 13, sendo que persiste a ausência de casos reportados no continente africano.

A OMS justificou, recorde-se, a declaração internacional de emergência de saúde pública por receio deste coronavírus entre nos países com sistemas de saúde menos aptos a lidar com um surto, sendo os africanos aqueles que mais receios geram devido a esse factor, escassa capacidade de resposta, e cidades sobrepovoadas com milhões de pessoas a viverem com débeis infra-estruturas de saneamento básico e de unidades de saúde.

Recorde-se que Angola optou por não interromper as deslocações de e para a China nem evacuar os seus cidadãos que se encontram nas cidades localizadas no epicentro geográfico desta epidemia.

No entanto, são já dezenas de países que seguiram caminho contrário, evacuando os seus cidadãos, interrompendo as linhas aéreas para a China, ou fechando as fronteiras, como é o caso da Rússia.

E no interior da China, cidades como Wuhan e outras, com dezenas de milhões de pessoas em quarentena, continuam sem permitir a saída e a entrada de pessoas sem autorização oficial.

Nos territórios autónomos de Hong Kong e Macau foram tomadas medidas drásticas para evitar a progressão do vírus. No antigo território sob gestão britânica, todos os que ali chegam da China continental são sujeitos a quarentena obrigatória de 14 dias e na antiga jurisdição portuguesa, entre outras medidas, os casinos, a grande actividade da ilha, foram encerrados compulsivamente por pelo menos duas semanas, o que vai gerar muitos milhões em prejuízos.