Os moradores andam com bidões e bacias à cabeça para conseguir o precioso líquido. A reclamação continua e a solução do problema dos cerca de 10 mil habitantes tarda em chegar. Dona Luzia reside há três meses na centralidade de Cacuaco.

A moradora do bloco 12 disse ao Novo Jornal que tem de pagar 300 a 150 Kwanzas, por um bidon de 20 litros de água. "Saímos do Cazenga, a pensar que tudo estaria resolvido. Mas não. Temos de subir escadas com os bidões à cabeça porque a água ainda não corre nos nossos apartamentos", explicou a interlocutora, acrescentando que compra água nas carrinhas que ali se deslocam para comercializar o precioso líquido.

"As pessoas vêm nos vender água com bidões, trazem carrinhas e vendem 300 a 150 kwanzas cada bidon. Isto, quando não há água em parte alguma da cidade", acentuou. Dos 12 blocos existentes na nova urbanidade, apenas dois jorram água nas torneiras, de forma intermitente, de acordo com os moradores.

"Mas, também, é só no primeiro piso. Se a água correr algumas horas de manhã, já não corre de tarde, nem de noite. Dizem que vamos ter água restabelecida somente no final de Junho", disse, ansiosa Filomena Gaspar, residente da zona.

A presença da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL) ainda não se faz sentir no local, o que deixa mais apreensivo os moradores da centralidade que há mais de três meses anseiam ver a água correr nas suas torneiras. "Enquanto não resolvem o problema, estamos condenados a ir buscar água distante com os nossos carros. A EPAL não se faz sentir. Dizem que a SONIP entregou as chaves das casas sem conclusão dos trabalhos.

O Presidente da República disse que o povo tem direito à habitação, então, o trabalho tem de ser completo", reclamou Vasconcelos Luanda, outro residente da centralidade. Com o início das aulas na centralidade, Miguel Fortes disse estar preocupado com o uso das casas de banho por parte das crianças. "As crianças vão começar a estudar e não temos água nas casas de banho. Como é que isto vai ficar daqui a dois meses? Depois vão dizer que os moradores não estão a cuidar das instituições que o Estado está a fazer, não é?", questiona, com preocupação.

Reagindo sobre o assunto, o presidente da comissão executiva da SONIP, Orlando Veloso, garantiu recentemente em Luanda, que o problema da água deverá ser ultrapassado até ao final do primeiro semestre do corrente ano. "Os problemas da falta de água nas centralidades de Cacuaco e do Kilamba estão a ser resolvidos junto da Empresa Pública de Águas de Luanda", garantiu, o responsável.

Além da falta de água, os moradores reclamam também da falta de administração, transportes públicos, hospitais, débil saneamento básico e segurança pública, falta de mercados e outros serviços sociais. A centralidade de Cacuaco está localizada no Musseque Sequele, a cerca de dez quilómetros da Via Expresso.

A urbanização conta, nesta primeira fase, com cerca de dez mil e dois apartamentos. A urbanidade está dividida em 12 blocos e 426 edifícios.