Mostrando-se "muito pessimista" relativamente à situação económica e social em Angola, pela falta de políticas económicas tendentes a alterar os fundamentos da economia, recordou que assistiu à proclamação da independência de Angola pelo primeiro Presidente, Agostinho Neto, em 11 de novembro de 1975, e foi nessa altura que começou a ouvir falar da necessidade de diversificação da economia.

"Quarenta e cinco anos depois, a economia nem sequer apresenta sinais ténues de diversificação", destacou, na sessão de apresentação do estudo da Deloitte "Banca em análise".

O economista lembrou que, em 2010, a diversificação entrou no discurso oficial e foi considerada, pelo Governo da altura, como "a panaceia" para os problemas económicos de Angola e dez anos depois foi feito um balanço e "um membro do Governo declarou solenemente que nestes dez anos a diversificação da economia não passou de uma retórica".

"Fica muito difícil acreditar que as políticas económicas sejam orientadas nesse sentido", destacou o também director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (Ucan).

Alves da Rocha interrogou-se ainda sobre o papel da banca, em especial o crédito ao sector produtivo, perguntando para quem se vai produzir e quem é que vai consumir, num País em que o salário médio mensal anda à volta dos 250 dólares e mínimo ronda os 42 dólares e 42% da população é pobre.

Salientou que todas as medidas têm sido tomadas para incrementar a produção, sem que haja incentivos para a procura.

Sobre a reduzida concessão de crédito pela banca angolana, que levou recentemente à aplicação de multas pelo Banco Nacional de Angola por não terem cumprido os limites estipulados, o economista realçou que os bancos agem "na defesa do que não é deles" e "resolveram ser muito cautelosos" na concessão de crédito, mas são também penalizados quando concedem crédito que acaba por se converter em imparidades.

"Não encontrei resposta para este dilema no relatório do Orçamento Geral do Estado, acrescentou Alves da Rocha que rejeita a ideia de que o crescimento económico aconteça com a estabilização dos indicadores macroeconómicos, e defendeu "um equilíbrio" entre os dois.

Para o economista, há também uma "abordagem errada" ao mercado informal, pois nunca se considerou este sector na sua componente social, mas apenas na lógica de incremento das receitas fiscais do estado.