O novelo à volta da Operação Lava Jato - a maior alguma vez desencadeada pela Polícia Federal brasileira - e o nome de Angola não é de todo novo e, pelo desenrolar das várias fases que compreendem o processo ainda em andamento, é provável que a intrincada operação se revele ainda mais comprometedora.

Esta semana, na sequência de uma delação premiada [acordo que o juiz propõe ao réu em troca de benefícios, como a diminuição da pena], o antigo presidente da Odebrecht, o empresário Marcelo Bahia Odebrecht, denunciou que a construtora contratou, no âmbito de obras em Angola financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), a empresa do sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues, a pedido de Lula da Silva.

Segundo Marcelo Odebrecht, a Exergia, firma pertencente a Taiguara Rodrigues, foi criada sem qualquer experiência na área de construção, mas apenas para fazer uso da influência de Lula da Silva.

Angola no centro do "furação"

De recordar que não é a primeira vez que o nome de Angola é apontado como sendo um dos países onde a Odebrecht teria contado com a influência política para obter ganhos.

No começo do ano, Angola foi apontada como um dos 12 países cujos políticos foram apontados como tendo sido alvo de subornos por parte da empreiteira brasileira para obter contratos e outros benefícios.

Contrariamente a outros países, casos da Suíça, Estados Unidos e o próprio Brasil, cujas reacções são publicamente conhecidas pelos meandros dos processos judiciais, as autoridades ainda não esboçaram qualquer reacção ao envolvimento do país.

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