A operação realizada ontem no Rio de Janeiro pela Polícia Federal do Brasil, envolvendo 60 agentes e o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão, tem como epicentro contratos firmados pelo Banco Nacional de Angola (BNA).

Segundo noticia hoje o site brasileiro Globo, na mira dos investigadores estão comissões ilegais no valor de 45 milhões de dólares, cobradas em nome da empresa francesa Oberthur, que no entanto, não teria qualquer conhecimento do esquema.

De acordo com a investigação, citada na imprensa brasileira, falsos representantes da Oberthur - firma contratada pelo BNA para produzir papel moeda - receberam dos cofres do banco central, em conluio com agentes angolanos, 35% de comissões sobre o valor dos contratos.

As cobranças ilegais incidiram sobre contratos firmados entre 2001 e 2012 e totalizaram esses 45 milhões de dólares, montante que nunca deveria ter saído do BNA e que acabou nas contas de uma empresa de fachada com escritórios em Portugal e Hong Kong, associada ao brasileiro Valdomiro Minoru Dondo, que se projectou em Angola com a transportadora Macon.

O caso foi desencadeado por iniciativa da justiça francesa que pediu ao Ministério Público do Brasil que investigasse, cooperação que colocou a Polícia Federal brasileira no encalço de Valdomiro Minoru Dondo.

"Minoro não foi localizado para comentar as investigações. A Polícia suspeita que ele esteja em Luanda", lê-se no Globo, que apresenta o suspeito como "um dos homens mais ricos e poderosos de Angola".

O site recorda que não é a primeira vez que o empresário é notícia por suspeitas de negócios ilícitos, associados a figuras do Governo angolano.

Em 2011, recorda o portal, o brasileiro "era sócio, como pessoa física, de autoridades, ex-autoridades ou pessoas próximas a dirigentes governamentais, como Pedro Sebastião Teta, então vice-ministro da Ciência e Tecnologia, na empresa Júpiter; do brigadeiro Leopoldino Fragoso, Dino, na Supermar; e da irmã da primeira-dama, Artemísia Cristina Cristóvão de Lemos, no Bob"s".

Apesar de nessa altura Minoro ter desmentido qualquer ilegalidade, o seu nome foi associado a transferências para paraísos fiscais, "como Ilha da Madeira, Ilhas Cayman, Suíça e Miami", na sequência de contratos com o Ministério da Saúde, a Casa Militar, o Ministério das Finanças e vários governos provinciais.