"É na casa dos bonecos", dizem os vizinhos que descobrimos pelo caminho e a quem perguntámos onde vivia o casal. Lá fomos, para ver, logo à chegada, objectos vários e de cores diversas distribuídos pela fachada da casa.

Fomos encontrar Lopito Feijó a tomar o pequeno-almoço no terraço, rodeado por panos africanos, esculturas, máscaras e plantas luxuriantes, e onde o som do mar se mistura com o dos espanta-espíritos que baloiçam embalados pela brisa.

O sonho de ter uma casa-museu surgiu há muitos anos, depois de Lopito Feijó ter visitado dezenas de casas de artistas estrangeiros que espelhavam o que eles eram e como viviam, nascendo assim a sua casa-museu, para que todos, sem excepção, pudessem visitá-la, e, portanto, conhecer um pouco mais sobre a história de angola e do restante continente africano.

Dá como exemplo Jorge Amado e José Saramago e os locais onde moravam, que, lembram, se confundiam com os próprios.

O reconhecido e prestigiado poeta e ensaísta é autor de livros como "Entre o Écran e o Esperma" (1985), "Desejos de Aminata" (1985), "Doutrina" (1987), "Rosa Cor de Rosa" (1987), "Corpo a Corpo" (1987), "Cartas de Amor" (1990). A sua obra figura em revistas e jornais nacionais e estrangeiros, nomeadamente brasileiros, portugueses, galegos, norte-americanos, etc..

Quem entra na casa museu do casal, depara-se com milhares de peças de arte de várias origens do continente africano e também de outras partes do mundo. Não há paredes vazias e o chão mal se vê, dada a quantidade de peças oriundas das muitas dezenas de cidades já visitadas e dos 35 países viajados.

Há tipóias, esculturas, reco-recos, bengalas, búzios, panelas de barro, marfim, quadros e tudo quanto se possa imaginar num museu de arte. É impossível saber quantas peças, quadros objectos. Há peças de França, Nigéria, Brasil, Guiné, entre outros. Mas sobretudo de Angola, com artistas nacionais, como Marcela Costa e António Tomas Etona em lugar de destaque na casa.

Lopito e Aminata conhecem os nomes, origens e histórias de cada peça existente na casa que tem também servido para muitos eventos: "Vestimos aqui noivas, misses, sempre com acessórios aqui de casa, sublinhou Aminata Goubel.

A radialista e actriz disse ao Novo Jornal online que já várias pessoas da sociedade angolana se deslocaram à sua casa-museu a fim de fazerem sessões fotográficas.