A declaração dos BRICS condena a proliferação de medidas restritivas do comércio, quer sob a forma de aumentos indiscriminados de tarifas e medidas não tarifárias, quer sob a forma de protecionismo sob o pretexto de objectivos ambientais, que "ameaça reduzir ainda mais o comércio global".

Donald Trump usou a sua rede social Truth Social para ameaçar "qualquer país que se alinhe com as políticas anti-norte-americanas do BRICS".

"Não haverá excepções a esta política", escreveu o chefe de Estado norte-americano.

A declaração dos BRICS reafirma o compromisso de promover o comércio em moedas locais entre os 11 países do bloco, que representam 40% da economia mundial e 26% das exportações globais.

No fórum, a decorrer no Brasil, e em que participam o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, em representação do Presidente Vladimir Putin, o Presidente da União Africana, João Lourenço, defendeu a interacção com as instituições financeiras dos BRICS para ajudar a alavancar as economias africanas, principalmente no que diz respeito ao investimento em infra-estruturas que conduzam à electrificação, industrialização e implementação da Zona de Livre Comércio Continental Africana (ZCLCA).

"Temos plena consciência de que estamos diante de um desafio incontornável, o qual teremos de enfrentar e vencer para realizarmos o objectivo da inclusão de África na economia mundial com contributos significativos para a resolução dos problemas que o mundo enfrenta, como os da crise alimentar e energética", disse.

João Lourenço lembrou que esta cimeira no Rio de Janeiro acontece num momento bastante conturbado e de grandes incertezas quanto ao futuro do Planeta, devido às guerras, conflitos e o terrorismo que proliferam pelos diversos continentes.

"Advogamos a resolução pacífica dos conflitos pela via negocial, apelando ao fim das guerras entre a Rússia e a Ucrânia que ameaça a paz na Europa, ao fim do conflito entre a RDC e o Ruanda, conflito que há décadas desestabiliza os países da vasta e rica região dos Grandes Lagos, preocupa-nos a situação do Sudão e o alastramento do terrorismo na região do Sahel e no Corno de África, e na Somália em particular", afirmou, defendendo igualmente o fim do genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza e dos colonatos, bem como a necessidade do cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a urgência da criação do Estado da Palestina.

"Aplaudimos todas as iniciativas que concorram para se evitar o alastrar do conflito no Médio Oriente, que deve ser uma região de prosperidade e bem-estar para os seus povos e nações. Acredito que neste domínio, os BRICS devem colocar-se numa posição de fazer valer a observância das regras que regem as relações internacionais, conferindo primazia ao diálogo e ao entendimento na base do respeito pelos princípios da Carta das Nações Unidas", declarou o Presidente em exercício da União Africana.

O líder da União Africana, que diz sentir que está perante "a possibilidade real", ao nível dos BRICS e das suas instituições, de se poder falar sobre o financiamento para o desenvolvimento de África e das infra-estruturas de que necessita, para corresponder mais cabalmente aos desafios que enfrenta, de modo a transpor os obstáculos que condicionam a realização de projectos essenciais na área da Agricultura, da Saúde, da Educação, da Ciência e da Tecnologia, da Energia, dos Transportes, das Telecomunicações e outros.

João Lourenço anunciou igualmente que a União Africana vai realizar, em Outubro, em Angola, uma grande conferência subordinada ao tema "Infra-estruturas como Factor de Desenvolvimento em África", "com o propósito de atrair parcerias interessadas em envolverem-se com a organização, num quadro de vantagens mútuas, na concretização deste grande sonho dos africanos".

A cimeira que reúne os Chefes de Estado e de Governo dos países-membros do grupo BRICS, inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que recentemente acolheu a Arábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irão, reforçando o seu peso político e económico no cenário internacional, termina esta segunda-feira.