Num extenso artigo sobre o processo de reestruturação em curso na Sonangol, a Reuters relata que o acumular de dívidas da concessionária estatal às petrolíferas que operam no país explica-se, em parte, pelas mudanças introduzidas pela gestão de Isabel dos Santos.

Apesar de lembrar que a descida do preço do barril do petróleo diminuiu fortemente a liquidez da companhia angolana, a agência noticiosa britânica avança que os atrasos nos pagamentos - já reconhecidos pela petrolífera angolana em relação à norte-americana Chevron - devem-se a novos procedimentos financeiros.

"Fontes próximas da Sonangol dizem que ela [Isabel dos Santos] eliminou a possibilidade de a petrolífera pagar as suas contas directamente", escreve a Reuters, acrescentando que as receitas decorrentes das vendas petrolíferas seguem agora automaticamente para os cofres do Governo, que tem de aprovar os pagamentos antes de os mesmos serem efectivados.

O processo, responsável por uma maior morosidade na liquidação das contas, estará a conduzir a um cúmulo de dívidas de dezenas de milhões de dólares, afectando tanto facturas avultadas como pequenos pagamentos.

Segundo a Reuters, os atrasos - que atingem não apenas a Chevron, mas também a Total, BP, ENI e ExxonMobil - podem ter sido agravados pelo enfraquecimento do departamento jurídico da empresa, desde a entrada de Isabel dos Santos para a presidência impedido de conduzir negociações externas.

Para além destas alterações estruturais, as novidades da nova gestão, segundo relatou um diplomata à agência de notícias britânica, incluem o corte nos serviços de beleza que funcionavam no interior da petrolífera angolana, nomeadamente de manicure e cabeleireiro.

As reformas, que deverão permitir uma poupança anual de 240 milhões de dólares, são tão profundas quanto vitais, defendem os analistas.

"Só alguém com total apoio político como Isabel dos Santos poderia ter a possibilidade de implementar o tipo de reformas necessárias", defende Alex Vines, especialista da organização Chatham House para África.