Num comunicado publicado no seu site oficial, o banco central refere que em cada sessão vai leiloar a quantia máxima de 50 milhões USD. A medida serve "para desencorajar a tendência da subida da taxa de câmbio" que normalmente antecede a quadra festiva do Natal.

No ano passado, por esta altura, o banco central anunciava a disponibilização de moeda estrangeira no valor equivalente a 1,2 mil milhões de dólares, mas muita tinta tem corrido desde que o administrador do banco central, Pedro Castro e Silva declarava, à Lusa, que a pressão sobre as divisas tinha terminado graças à intervenção do regulador.

Esta sexta-feira voltaram a ser apresentadas medidas por José de Lima Massano, governador do banco central, após uma reunião do Comité de Política Monetária do BNA, destinadas a normalizar o mercado cambial, nomeadamente a retirada progressiva do banco central, que passa a deixar para os bancos comerciais o negócio de aquisição de moeda estrangeira às companhias petrolíferas.
"Desde 2014 que as companhias petrolíferas passaram a vender moeda de que necessitam para corresponder a pagamentos a residentes cambiais ao Banco Nacional de Angola", disse, estimando essa quantia em 240 a 250 milhões de dólares por mês.
"A nossa intenção é, o mais cedo possível, passarmos estas operações para o mercado secundário (bancos comerciais) permitindo uma relação mais directa entre estes participantes, mas termos também o Banco Nacional de Angola a sair progressivamente de um espaço que não lhe pertence", salientou.

É necessário, segundo o responsável, haver "mais entidades, mais participantes, do lado da venda aos bancos comerciais" uma intenção "que não é nova" e que levou o BNA a explorar "várias opções" para fazer essa transição com segurança, lembrando que, em 2018, houve uma situação de "excessiva concentração dessa moeda num ou outro banco".

José de Lima Massano aproveitou a conferência de imprensa para anunciar que, até ao fim do ano vai divulgar os resultados da avaliação e detalhar a qualidade dos activos do sector e deixar claro aqueles que vão ter de ajustar o seu capital social.

Após essa divulgação, onde é ideia generalizada que uma boa parte dos bancos a operar em Angola vai apresentar problemas profundos e onde algumas fusões podem ser a única saída possível. O mês de Junho de 2020 é o prazo limite para aquela que os analistas já admitem como uma das mais substantivas revoluções" na banca angolana.

"Os bancos vão poder, até Junho de 2020, sanar deficiências a nível dos capitais próprios", apontou Massano, sublinhando de imediato que, caso sejam encontrados obstáculos rígidos, estes deverão optar por soluções alternativas, onde surgem à cabeça as quase incontornáveis fusões entre bancos mais pequenos, ou a junção dos com menor capacidade aos gigantes da praça.

Tudo isso ficará claro até final de Abril do próximo ano, data limite para a informação de cada um dos bancos chegar ao BNA.

As soluções podem surgir através da exigência de "um programa de reestruturação", a sua redimensionamento para ganhar agilidade, emagrecendo ou avança para "um quadro de fusões e entrada de novos accionistas".

A perda de licença para operar é uma possibilidade que José de Lima Massano não descarta: "No extremo, alguns bancos podem perder a licença".

"Não podemos ter instituições com nível de capital desadequado ao risco e perfil que assumem", disse anda Lima Massano, citado pela Angop e pela Lusa na conferência de imprensa que teve lugar na sexta-feira após mais uma reunião do Comité de Política Monetária (CPM).

Por detrás desta emergência está, sublinhou o governador do BNA nesta conferência de imprensa, a constatação de que é a economia "como um todo" que deixa de ter condições para continuar a financiar o seu crescimento" se nada for feito.

Nesta elucidativa conferência de imprensa, Massano debruçou-se ainda sobre a questão das taxas elevadas do crédito malparado admitindo que neste momento é de 29%, embora 90 por cento desse volume esteja concentrado em apenas um banco, que, embora não tenha sido nomeado, só pode ser o BPC, sublinhando que essa realidade influência de forma evidente as estatísticas.