José de Lima Massano tem como um dos principais focos do seu consulado a recuperação da confiança por parte das instituições internacionais no sistema financeiro angolano, abalado fortemente nos últimos anos por episódios reveladores de ausência de controlo face a suspeitas de branqueamento de capitais e financiamento de organizações terroristas no Médio Oriente, entre outras graves irregularidades.

Para ultrapassar esta desconfiança, que levou, nos últimos anos, à saída de Angola de todos os bancos correspondentes, que permitiam a importação de dólares norte-americanos para a economia angolana, o BNA e o Ministério das Finanças, com a chegada ao poder do Presidente João Lourenço, encetaram uma série de medidas com o objectivo de garantir que as fragilidades estavam ultrapassadas.

Robustecer o sistema financeiro nacional, com o apoio do FMI e do Banco Mundial, com quem o país está a negociar operações de grande envergadura, como é o caso do empréstimo de 4,5 mil milhões de USD que o Fundo vai avançar a Angola em tranches repartidas pelos próximos três anos, e ainda através da introdução de sistemas de controlo mais apertados, como é o caso do FATCA (Foreign Account Tax Compliance Act), um sistema informático dos EUA que visa impedir fugas aos impostos e branqueamento de capitais, exigido a todos os países que pretendam ter relações estreitas com o sistema financeiro dos Estados Unidos, é considerado essencial e está a ser tentado de forma intensa pelas autoridades financeiras e económicas angolanas.

Essas garantias, muitas delas já introduzidas, outra em fase de preparação, como as questões ligadas à "chegada" do FMI, estão na pasta de Massano para serem esgrimidas hoje em frente à Reserva Federal dos EUA (FED).

Com o trabalho de casa feito, pelo menos numa boa percentagem, José de Lima Massano mostrou-se, em declarações aos jornalistas em Nova Iorque - onde acompanha o PR no âmbito da sua ida à 73ª AG da ONU, cujo discurso é realizado igualmente hoje -, esperançado de que o intento poderá ser concluído com sucesso.

Mas o que Massano avançou foi que o mais importante, para além de explicar o que foi e está a ser feito para ir de encontro ao que a FED e a Administração norte-americana pretendem, é saber exactamente que receios existem sobre a realidade angolana e o seu sistema financeiro e mercado, para, depois, "se continuar a trabalhar para suprimir as insuficiências" que ainda

BNA "ataca" em Nova Iorque, FMI "aterra" em Luanda e Banco Mundial aguarda desenvolvimentos

Como o NJONline noticiou já hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Governo iniciam hoje em Luanda as negociações para o arranque do financiamento de 4,5 mil milhões USD para os próximos três anos no âmbito do Programa de Financiamento Ampliado (EFF, sigla em inglês), na mesma semana que o Banco Mundial (BM) e o Executivo angolano anunciaram o avanço para negociações ao abrigo de um programa de financiamento para projectos privados através da International Finance Corporation (IFC), um dos pilares daquela instituição financeira de Breton Woods.

Com as negociações com o FMI, sendo a parte angolana presente encabeçada pelo Ministério das Finanças, que já estavam agendadas há semanas, e o arranque das conversações com a IFC,.onde esteve o Vice-Presidente da República, Angola surge perante o mundo, esta semana, em acelerada aproximação às duas instituições financeiras mundiais sediadas em Breton Woods, um bairro da cidade de Carroll, New Hampshire, nos EUA, mas cujo significado é mais lato, representando comummente o poderio financeiro global sob um abrangente controlo de Washington e exponenciando a visão e controlo do mundo financeiro pela Administração norte-americana.

Segundo o Ministério das Finanças, a missão do FMI que cegou a Luanda, vai estar em Angola ao longo dos próximos nove dias, período no qual ficarão alinhavados o formato e os procedimentos inerentes ao empréstimo de 4,5 mil milhões de dólares inserido num dos instrumentos disponibilizados pelo Fundo, o Programa de Financiamento Ampliado (EFF, sigla inglesa para Extended Fund Facility), que vão ser, conforme foi solicitado pelo Governo angolano, entregues em tranches iguais ao longo dos próximos três anos.