Aos trabalhadores dispensados, o banco prevê ainda conceder um crédito de até 10 milhões de kwanzas para o desenvolvimento da actividade económica, bem como o financiamento do seguro de saúde durante seis meses, a contar do período da rescisão do contrato, refere o BPC em comunicado.

Esta segunda-feira, Banco de Poupança e Crédito despediu um total de 274 trabalhadores e encerrou, em todo o território nacional, mais de 70 agências bancarias.

Ao Novo Jornal, o 1.º secretário da comissão sindical do BPC, Carlos Quarenta, disse que o Conselho de Administração do Banco de Poupança e Crédito está num "labirinto" sem saída e nega que existam muitos funcionários com essas dívidas.

"Desde 2012 que o BPC não dá crédito. Os créditos que existiram foram para os trabalhadores requisitados por eles próprios para cobrir algumas lacunas e tendo em conta os seus interesses", afirmou.

"Os 10 milhões de kwanzas que prometem, não faz sentido. Como o banco despede uma pessoa e ainda vai dar 10 milhões kz. Estão acautelados os riscos? A verdade é que nada está bem no conselho de administração", disse, acrescentando: "Merecemos respeitos, estamos a ser mortos a sangue-frio".

Carlos Quarenta disse que nesta altura o BPC está com uma capacidade de produção abaixo daquilo que se esperava porque os trabalhadores estão todos sem ânimo em função dos constantes anúncios de despedimento.

O sindicalista lamentou o facto de as autoridades governamentais até ao momento se remeterem ao silêncio em relação à questão dos despedimentos do BPC.

"Tudo fazemos para esgotar todos os passos. Infelizmente o conselho de administração não quer ouvir, não se senta connosco, não explica nada", lamentou.

O sindicalista assegurou ao Novo Jornal que, caso a administração do BPC insistir em não querer ouvir a comissão sindical, esta tem já em carteira um plano de paralisação total dos serviços em todo o País, para chamar a atenção das autoridades sobre as atrocidades que a direcção do banco faz para com os funcionários.

"Quem está com o dinheiro do crédito mal parado do BPC que hoje está a ser negociado entre várias entidades? Nós, os trabalhadores, é que estamos a pagar a fatia mais cara das consequências de uma gestão danosa", desabafou o líder sindical.

O processo de despedimento de pessoal no maior banco público do País, que viu os seus activos deterioram-se nos últimos sete anos, com prejuízos acumulados, em 2020, de mais de 535 mil milhões Kz, marca o início de uma nova fase naquele banco.

Em Junho de 2020, o presidente de Conselho de Administração do BPC, António André Lopes, disse, em conferência de imprensa, que o plano prevê igualmente o encerramento de 60 agências bancárias, de modo a tornar a estrutura comercial mais sustentável de acordo com o seu papel.

Para o efeito, o banco tem preparado um valor de mais 18 mil milhões de kwanzas para indemnização dos funcionários, de acordo com a Lei Geral de Trabalho, acrescido de um prémio.

Na semana passada, o administrador executivo do BPC, Cláudio Pinheiro, disse que o accionista (o Estado) preferiu sacrificar, nesta fase, os mais de 1.300 trabalhadores, para evitar a falência total do banco, o que, explicou, seria muito mais catastrófico para o País.