Este pedido de explicações do Presidente Joe Biden surge depois de uma avalanche de indignação - mais uma - pelas atrocidades cometidas pelas IDF em Gaza, onde já mataram mais de 34 mil civis, na esmagadora maioria crianças e mulheres.

A indignação norte-americana surge no momento seguinte à divulgação das imagens dos corpos empilhados uns sobre os outros nas imediações dos hospitais Nasser, em Khan Younis, (340) e Al-Shifa, Cidade de Gaza (30 corpos), sendo que dia após dia o número de cadáveres encontrados cresce.

A suspeita imediata, e incontornável, cai sobre as forças israelitas que invadiram e destruíram estas duas unidades hospitalares onde estavam milhares de pacientes, quase todos vítimas dos bombardeamentos israelitas, embora Telavive negue, sem mostrar quaisquer provas, de que foram os palestinianos que ali depositaram os corpos, mesmo que muitos deles tenham sido encontrados despidos e de mãos atadas atrás das costas.

Mas o que alguns analistas começam a realçar é que a posição dos norte-americanos sobre a questão do conflito em Gaza começa a ser insustentável sob risco de cair num emaranhado incompreensível de posições contraditórias e sem uma lógica que seja imediatamente perceptível.

Isto porque, como nas más peças de teatro, começa a ser incómodo e insustentável ver que, ao mesmo tempo que Washington exige ao Governo israelita contenção para reduzir a morte de civis, o fluxo norte-americano de armas e dinheiro, que alimentam a máquina de guerra israelita, não conhece limites.

Só no último Sábado foram aprovados pelo Senado do Congresso dos EUA mais de 26 mil milhões USD para Israel, e na semana passada foi divulgado o envio de um lote de 25 aviões de guerra F-35 (entre 80 milhões a 100 milhões USD por unidade), os mais caros e mais sofisticados do mundo no seu género.

E são precisamente os F-35 (na foto) - Israel possui agora 75 unidades deste modelo - que a Força Aérea hebraica usa para as ininterruptas operações de bombardeamentos sobre Gaza, responsáveis, segundo vários analistas, por mais de 75% dos mais de 34 mil civis mortos em Gaza, alé dos quase 90 mil feridos, sendo que entre estes estão largamente maioritários crianças, mulheres e idosos.

O elemento bizarro que emerge deste contexto é a estratégia saltitante norte-americana que, ora mostra uma solidariedade infinita e apoio ilimitado a Israel, ora lança contrastantes pedidos de contenção nas acções militares israelitas.

O inexplicável, e que permite o surgimento de teses esquisitas, é que, para reduzir a morte entre a população civil e receber as explicações de Benjamin Netanyhau pelas mortes provocadas pelas IDF com armas norte-americanas, bastaria a Washington fechar a torneira do apoio militar e financeiro a Telavive.

As valas comuns onde os soldados israelitas enterraram centenas de corpos de civis palestinianos, ao lado dos hospitais que invadiram e destruíram, começaram a ser conhecidas a meio da passada semana, mas só esta segunda-feira ganhou dimensão de escândalo aterrador com as imagens divulgadas pelos canais de tv internacionais.

Desde logo ao Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, mas depois de uma forma generalizada, desde os lideres europeus, ao SG das Nações Unidas, António Guterres, de todo o lado chegaram sinais de forte indignação, acabando o Presidente americano forçado a vir a terreiro mostrar igualmente a sua comprometida - pelo apoio militar ilimitado a Israel - indignação.

Embora este seja o assunto mediático do momento, ao mesmo tempo que as manchetes se enchem de imagens de corpos em valas comuns, em Gaza continuam a morrer e a ficar gravemente feridos centenas de civis inocentes com os bombardeamentos dos F-35 norte-americanos pilotados por israelitas.

E estas cifras do terror israelita em Gaza podem ganhar uma dimensão ainda mais extraordinária se, como todo indica, tiver mesmo início a operação terrestre sobre a cidade de Rafah, no sul do território, junto à fronteira com o Egipto, e onde se encontram refugidos mais de 1,5 milhões de pessoas que para ali foram empurradas pelas IDF a partir da insvasão iniciada a norte.

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyhau justifica a necessidade de avançar para Rafah, apesar da onda global de críticas a Israel, a que os media ocidentais tradicionalmente mais próximos de Telavive estão a dar visibilidade como nunca aconteceu desde a criação do Estado de Israel, em 1948, com a localização nesta cidade do último bastião dos combatentes do Hamas.

O chefe do Governo israelita tem, há mais de seis meses, mantido como linha oficial três objectivos, todos eles ainda por atingir, apesar de ter o Exército mais poderoso da região, e um dos melhor equipados em todo o mundo, devido ao acesso ilimitado aos arsenais dos EUA, eliminar totalmente o Hamas, libertar os reféns e fazer de Gaza um lugar seguro para Israel.

Como tem dito o analista militar português major general Agostinho Costa, o que sobressai destes objectivos é o contraste entre a dimensão galáctica das IDF e o bando de pés-rapados que são as forças do Hamas, equipadas apenas com armas ligeiras, às quais Israel parece não estar à altura, e aproxima-se de um momento em que Netanyhau terá de aceitar a derrota de não conseguir atingir as metas a que se propôs.

Metas essas que, recorde-se, foram definidas logo após o audaz e mortífero ataque do Hamas e da Jihad Islâmica ao sul de Israel., a 07 de Outubro do ano passado (ver links em baixo nesta página), onde foram mortos mais de 1000 pessoas, na sua maioria militares estranhamente apanhados desprevenidos, apesar da poderosa Mossad, do eficaz Shin Bet e da inigualável secreta militar AMAN.