Elemento preponderante da política tunisina, este antigo ministro, que chegou a ser ministro da Defesa, primeiro, e depois da Justiça, em 2011, no Governo do primeiro-ministro Hamadi Jebali, que assumiu o poder depois da queda do ditador Ben Ali, no decurso da "primavera árabe" que varreu o norte de África e o Médio Oriente em 2010 e 2011.

Noureddine Bhiri é ainda um dos dirigentes do partido Ennahdha, que ganhou as eleições de 2011, e que foi fundado sob inspiração islâmica e que desde o início se suspeita de que tenha fortes ligações a facções radicais do norte do continente.

É um dos políticos que se manteve na linha da frente para chefiar o Executivo sempre que essa possibilidade se manifestou. Foi acusado, enquanto detentor da pasta da Justiça, de tentativa de manipulação e controlo da estrutura judicial do país.

A informação da sua detenção foi avançada nas últimas horas pelo ministro do Interior Taoufik Charfeddine, que, segundo os media tunisinos, acusa Noureddine Bhiri de estar por detrás de crimes de lavagem de dinheiro proveniente de actividades ligadas aos radicais e ao terrorismo islâmico.

A sua detenção foi sustentada pela actual legislação anti-terrorismo aprovada em 2015.

O ex-governante e deputado tunisino foi entretanto hospitalizado por se estar a recusar a ingerir alimentos e água, numa greve de fome usada como protesto pela sua detenção, que alguns dirigentes do seu partido já vieram garantir não fazer qualquer sentido por não haver nada de sustente as acusações de que foi alvo.

A Tunísia vive um grave crise económica e social desde que o ditador Bem Ali, que governou este pequeno país do norte de África entre 1987 e 2011, com mão de ferro e caiu sob a tempestade democrática que foram as "primaveras árabes", em 2011.

Esta crise foi agravada pela pandemia da Covid-19.

Face às dificuldades sentidas pela população e entre continuados protestos nas ruas de Tunes e de outras cidades tunisinas, o partido Ennahdha aproveitou para crescer usando o descontentamento popular como adubo e o Islão como raiz para melhor chegar aos descontentes, especialmente os mais pobres e iletrados.

Apesar destas crises permanentes, a Tunísia é uma democracia relativamente sólida e uma das poucas que vingou após a "primavera árabe", ao contrário do que sucedeu na Líbia ou no Egipto, por exemplo.