Esse amor é fácil de satisfazer quando nos mantemos a viver nessa mesma terra, ainda que às vezes desgostosos com as mudanças havidas. Mas infelizmente nem todos podemos continuar aí a viver para sempre. Muitos tivemos de viajar para longe. A vida assim o obriga. O estudo, o emprego e outras causas levam-nos a mudar de poiso. Muitas vezes para milhares de quilómetros de distância daquela que é a nossa terra de eleição, a terra do nosso amor. Viver longe do nosso amor é difícil, mas nem sempre temos alternativa. Há amores que se podem substituir por outros, mas outros são muito difíceis.


Há sempre a possibilidade de um regresso. Definitivo é muitas vezes quase impossível. Mais fácil é a visita por uns dias, para matar algumas saudades, mas logo após o regresso verificamos que as saudades têm o poder de Cristo - também sabem ressuscitar. E assim logo nos voltam a chatear e a pedir a repetição de uma voltinha. Mas às vezes isso obriga a um longo período de espera - meses ou mesmo anos.
Tudo bem. A saudade existe, mas a manifestação da sua existência varia bastante. Há aquele que quando encontra um conterrâneo se manifesta alegremente, falando do bom tempo que conviviam naquele lugar que lhes é comum, recordando bons tempos, estórias de meninos, de correrias, de namoricos, de asneiras, de sacanices e outras.


Outros, em momentos de depressão, de tristeza, de saudade, se sozinhos ou mesmo acompanhados de não conterrâneos, pouco podem dizer ou afirmar em voz alta sobre o seu amor pela sua terra. Podem chorar com a saudade; rir ao lembrar alguns episódios do passado; fúria por terem de estar longe; esperança de poderem voltar em breve, mas sozinhos.

(Leia este artigo na íntegra na edição semanal do Novo Jornal, nas bancas, ou através de assinatura digital, disponível aqui https://leitor.novavaga.co.ao e pagável no Multicaixa)