A imagem que passamos de Augusto Loth é a de um homem sábio, conversador, conselheiro e sempre com uma palavra amiga. É uma relação que se construiu com muita simplicidade. Decorrente do seu modo pragmático de abordar as relações humanas e a sua visão de futuro, ainda que usasse provérbios e ditos filosóficos.

Quando criança no musseque Mota do bairro Sambizanga, já a casa dos meus avós era visitada com uma certa regularidade pela velha Málua Afonso, mãe dos meus tios Lídia, Augusto Loth, Idalina e Borges. Era uma figura respeitada, dava para ver. Fazia visitas familiares "ajuda e controlo", que era de muito bom grado da minha avó, sua cunhada. Percebia-se o respeito no modo que se falava dela, sempre com grande admiração e reconhecimento. Augusto Loth viria a ter o mesmo tipo de atitudes de aconselhamento e visitas familiares com a minha mãe.

O sal, o suor e as lágrimas do campo de concentração de São Nicolau, para onde a vida nos atirou, vieram retemperar e selar uma relação de grande respeito, amparo e apoio mútuo. Uma das memórias mais contraditórias que tenho foi o da sua partida de S. Nicolau. Um misto de alegria por os ver partir ele e sua mulher e seus filhos para a liberdade, e, ao mesmo tempo, a minha mãe inconsolável, chorando rios de lágrimas por se sentir com essa partida ainda mais desterrada, ainda mais presa.

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