Independentemente do número de angolanos que compram jornais para os lerem, direi que a crítica social (a área à qual dou mais atenção) é um espaço de intervenção que está a ficar diminuto. Não exactamente porque se tenham esgotado as makas que fazem o nosso dia-a-dia. Longe disso! Pelo contrário, o "stock" de assuntos é vasto, uns mais cabeludos que outros, apenas semelhantes no que respeita à classe dos seus figurantes, aos cenários e às práticas utilizadas nos seus bastidores. As considerações críticas a esses flagrantes da vida colocam-me, naturalmente, perante o intrincado problema de incorrer na repetição de textos já escritos, alguns tratados até à exaustão, passe o exagero da expressão. A verdade é que a essência dos problemas é a mesma de sempre: sujeira, desvergonha, falta de decoro, roubo. Todos com a mesma marca e origem! Em suma, a nua e vergonhosa depreciação dos valores da nossa sociedade. É a partir dessa realidade que sou obrigado a reflectir sobre a utilidade, ou não, de se continuar a falar de males tão profundamente enraizados na sociedade angolana. Infelizmente, começo a ficar com a ideia de que, apesar do louvável esforço do Presidente da República, qualquer acto de denúncia do que é reprovável será pouco menos que infrutífero. Não estava nos meus planos estar a pensar, nesta hora, negativamente da situação! Pode ser que seja apenas uma fase. Mas, que diabo, também tenho o direito de passar pelas minhas fases!
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