Temos de preparar a juventude para um mundo cada vez mais competitivo, com novos desafios, novas oportunidades e novos riscos. Preparados para diferentes realidades, diferentes abordagens. Formar novas lideranças com jovens a educarem-se para as novas responsabilidades e desafios. Da geração da Utopia, passando pela geração do Alinhamento Partidário, geração dos Indignados, a Geração à Rasca e surgindo agora uma geração de jovens que exige um papel principal na construção de um futuro melhor para o país, jovens que querem ser protagonistas de um processo de mudanças e crescimento. Durante anos, foi-lhes dito que era preciso aguardar pelo seu momento, que ainda era muito cedo para liderarem. Disseram-lhes que juventude não "casava" com responsabilidade e experiência, que eram o "futuro do amanhã", de um futuro que tardava a chegar e de uma amanhã com um ontem quase sem registo nem memória.

No dia 5 de Julho, na rubrica «Palavra do Director», do Jornal de Angola, Caetano Júnior fazia uma crítica interna ao sistema de comunicação social público e falava daquele que ele decidiu chamar "O Dia da Felicidade", pelo facto de alguns colegas e profissionais exibirem, através dos meios virtuais e não só, toda a sua felicidade pela exoneração ou afastamento de colegas. Algo mais ou menos como rir da desgraça alheia. Apelando mesmo para outro tipo de postura e respeito pelo trabalho alheio, pelo seu esforço, empenho e dedicação. E curioso é que acontece também quando há nomeações, aquilo que, influenciado pelo colega do órgão público, se pode chamar «O Dia da Indignação».

Quando somos nomeados, distinguidos ou premiados, os verdadeiros amigos revelam-se e os inimigos rebelam-se, ou seja, indignam-se. A negação do outro é prática de todos os dias. A negação funciona como um mecanismo de defesa, como um tipo de ajuda a não ter de suportar uma realidade que nos custa aceitar. Na nossa vida profissional e social, ao invés de comunicarmos de forma aberta e frontal, ao invés de criticarmos de forma honesta e sincera, vamos mandando bocas, vamos agitando debates virtuais, vamos adjectivando e ridicularizando. É o dilema da aceitação dos factos e do momento. Durante anos, fomos exigindo a nossa vez, fomos soltando a nossa voz contra um prolongado confronto geracional e, quando chega a nossa vez e a dos nossos, lançamos as dúvidas.

Como é que um país que há 41 anos indicou um Presidente da República vê hoje sectores questionarem, indignarem-se ou questionarem as capacidades, a experiência e as competências de um director de informação da sua televisão pública por ter apenas 38 anos de idade (por sinal, o mais novo a exercer tais funções na história da estação televisiva), porque tivemos, em Luanda, um governador com menos de 40 anos ou por termos uma superministra de apenas 30 anos? Quando surge um caso como Macron em França, elogiamos e exaltamos as escolhas e as apostas em sangue novo, mas quando é connosco, já não tem valor? Temos um Executivo com três ministros abaixo dos 40 anos e com quatro ministros quarentões (um dos quais é ministro de Estado), tudo isso num universo de 25 ministros. Se é ainda insuficiente ou não, a ideia é que há um futuro que começa a ser preparado agora, há bases a serem lançadas para um novo volte-face geracional. É preciso fazer leituras e estar preparados para os desafios. E quem tem estado a apostar, a estimular, a incentivar a juventude de hoje sabe bem o legado que quer deixar, sabe que o nosso tempo é agora.