«Sabe-se que, quando os garotos se embirram com uma coisa, enquanto eles por si próprios não deixarem de a fazer, nada neste mundo pode convencê-los do contrário. Podem levar tabefes que diminuíssem o pregão em casa, mas lá fora, a qualquer momento, são capazes de desafiar todos quantos lhes apareçam. E é o que aconteceu», refere o autor na obra, num período em que mães e pais resmungavam porque não queriam ouvir, nas suas casas, a tal porcaria de "pangu" (moda) de «sabe-se», cujo Mestre Tamoda estaria na génese. Mas, «assuntando na matéria cavaqueante», como diria Mestre Tamoda, ou «deixando os entretantos e indo para os finalmente» como nos habitou Odorico Paraguaçu (personagem interpretada pelo saudoso actor brasileiro Paulo Gracindo), para falar dos novos "mestres" que tudo vão fazendo para "estar na moda", criando "outros contos" para perante factos, elementos e argumentos se tornem as lendas da vitimização. É a moda que veio.

Na edição passada, o Novo Jornal destapou uma estratégia que se escudando em valores como o patriotismo, nacionalismo, promoção e exaltação da nação angolana, passava por um grave esquema de sobrefacturação e acomodação de interesses de grupos. Toda a estratégia de ataque, toda a " milícia digital" que se arregimentou contra o jornal e os seus profissionais não nos intimida nem nos desvia desta firme caminhada em prol da defesa e afirmação do bom Jornalismo. É este jornalismo livre, independente, com rigor e qualidade que temos feito desde 25 de Janeiro de 2008, que vai sendo "injectado" como um antídoto dos abusos de poder, de tiranias individuais e de grupos.

Felizmente, e apesar das adversidades, ainda existe (e resiste) entre nós o bom Jornalismo e que, de certa forma, devolve certa esperança no futuro da profissão. Por outro lado, vão surgindo "milícias digitais" que fingem fazer jornalismo, mas que seguem uma estratégia de manipulação e de agendamento de poderes que não toleram o escrutínio que lhes é feito pelo Jornalismo. Este fenómeno de manipulação e desinformação não é apenas uma ameaça ao Jornalismo, é uma perigosa arma ao serviço de quem de forma consciente ou inconsciente aposta na destruição da democracia.

A estratégia dos poderes ocultos (mas para nós bem revelados) foi a de orientar as suas "milícias digitais", no sentido de criarem várias teorias sobre as fontes de informação do Novo Jornal e, assim, desviar atenções do interesse público da matéria divulgada. Acabaram vencidos pelos factos e evidências, acabaram desmoralizados pela nossa coerência, verticalidade, rigor, profissionalismo, esbarraram num Jornalismo com pensamento livre, alternativo e de valor.

A verdade é que a história do "Hino Milionário" é uma grande fraude, é um embuste que lesa o Estado e os contribuintes. Indivíduos que, tendo acesso à informação privilegiada, fruto também de relações privilegiadas, criam empresa poucos meses antes de um concurso. O esquema é montado de tal forma que se "força" uma contratação simplificada por convite, restringindo a participação a três empresas numa acção previamente concertada, tudo com a cumplicidade de quem liderava o organismo de tutela.

A entrada em cena da nova titular da Cultura e o facto de ser uma "não-alinhada" vieram complicar o esquema e as decisões que foi tomando (temos como base a correspondência e documentação a que tivemos acesso) rapidamente a tornaram um alvo a abater. Após a divulgação da matéria jornalística, fomos percebendo que o esquema é muito mais complexo do que se pensa e que tem outros contornos. A "karga" é muito mais pesada do que se pensa e os seus "carregadores" não estão dispostos a desfazer-se dela.

É óbvio que não deixa de ser intrigante o silêncio da Cultura (tirando o questionário que respondeu ao NJ), da Comissão Interministerial ou até do Presidente da República. Mas é um silêncio que faz barulho, um silêncio que compromete, pois este é um sistema que gere mal silêncios e que foi estruturado para "gerir barulhos". Este é um sistema astuto e matreiro, capaz de cortar a mão para salvar o braço. É um sistema com os seus "Tamodas" e que gosta de estar na moda e prefere carregar o peso da " Karga" que encomendou. É um sistema que cria, alimenta e promove lendas, porque acredita que "A Lenda nunca morre" e que os "invejosos" se irão cansar da indignação virtual. Habituemo-nos, pois esta é a moda que veio, ou "pangu iezaku", como escreveu o autor de «Mestre Tamoda e Outros Contos».