Neste encontro, que é uma extensão da reunião que teve lugar em Julho, também na capital angolana, e de um anterior, na RDC, na localidade de N"Sele, a 01 de Junho, vão ser assinados documentos que se espera permitam colocar um ponto final no prolongado cenário de conflito no leste da RDC e entre os dois pequenos, mas estratégicos, países dos Grandes Lagos, o Uganda e o Ruanda, cujas relações se deterioraram bastante nos últimos meses, a ponto de terem surgido acusações mútuas de invasões militares dos respectivos territórios.

A par deste problema localizado entre Ruanda e Uganda, neste encontro de Luanda está ainda colocada a forte expectativa de que seja o início de um processo de limpeza dos grupos que estão por detrás da violência que há décadas perturba o leste do Congo, especialmente as guerrilhas com origem no Uganda, as ADF, e no Ruanda, as FDLR, bem como as milícias locais, quase todos criados na década de 1990, no rescaldo do genocídio de mais de 800 mil tutsis no Ruanda pela maioria Hutu.

O Chefe de Estado angolano está por detrás deste esforço para abrir o caminho para a paz definitiva nos Grandes Lagos, uma das regiões mais ricas do continente africano mas, ao mesmo tempo, uma das mais conflituosas.

Em Julho, em Luanda, os quatro lideres - que agora contam também com a presença de Denis Sessou Nguesso - fizeram um esboço do que agora se pretende ver consolidado num acordo definitivo entre Kigali e Kampala e ainda sobre o mais vasto rasto de violência que abrange os grupos de guerrilha e milícias no leste da RDC, que, segundo vários organismos internacionais, contam com apoios fora das fronteiras do Congo, especialmente dos dois vizinhos mais importantes, o Ruanda e o Uganda, cujos interesses passam, ainda segundo as mesmas fontes, pela exploração dos ricos recursos naturais existentes na parte congolesa, nomeadamente as províncias dos Kivu, Norte e Sul.

O que está em cima da mesa é ainda a extensão destes acordos à criação de condições para o desenvolvimento da região, a integração de todos aqueles que fizeram da participação nas guerrilhas e nos grupos de milícias, como o famigerado M23, em actividades económicas que sejam atractivas, fechar os canais de apoio e financiamento a este grupos e lançar as bases para uma efectiva integração regional, que, por exemplo, do ponto de vista de Angola, tem como ponto central o potencial económico dos seus portos para exportar os recursos naturais legalmente explorados na área, e outras.

Para isso, depois dos encontros de N"Sele e Luanda, de Junho e Julho, Angola liderou de forma decisiva este processo e, do seu desfecho, se for positivo, surgirá uma nova plataforma para que João Lourenço surja com o estatuto do construtor da paz nos Grandes Lagos.