Insultos de um lado, intimidações do outro...desde que tornou pública a intenção de sair à rua para contestar os preços da TAAG na Lunda-Norte, Rita Filomena Mununga relata um calvário de ataques.

"Já recebi alguns recados. Considero que estou a ser perseguida politicamente, por causa das mensagens que estão a ser passadas, a difamarem-me, a ofenderem-me, a atentarem contra a minha moral, a fazerem-me ameaças", conta a jornalista, em declarações ao Novo Jornal Online.

Por telefone, a partir da sua Lunda-Norte, Rita garante que não vai ceder ao "jogo psicológico", e lembra que o direito à manifestação está consagrado na Constituição.

"As pessoas no nosso país ainda não estão acostumadas. Quando ouvem falar em manifestação a ideia que têm é de uma guerra, que vai acontecer uma Primavera-Árabe", lamenta a jornalista, firme na intenção de levar o protesto adiante.

A iniciativa, que já deu entrada no governo provincial da Lunda-Norte e ganhou vários apoiantes nas redes sociais, é subscrita por cinco jovens independentes, garante Rita, demarcando a marcha de filiações partidárias.

"Porque é que têm de nos associar à UNITA? Ou ao Protectorado da Lunda Tchokwe? Será que os jovens da Lunda-Norte não têm capacidade de tomar uma atitude destas?", questiona a jornalista, "indignada" com o que diz ser uma tentativa de a reduzirem a uma marioneta.

Mais do que sublinhar a natureza apolítica do protesto, Rita destaca a sua urgência cívica.

"Na Lunda-Norte temos falta de tudo. E por questões de Saúde, muitas vezes somos aconselhados pelos médicos a ir a Luanda", nota a jornalista, acrescentando que a viagem tornou-se uma missão quase impossível.

"As tarifas da TAAG para as Lundas são as mais caras a nível interno e a Estrada Nacional 230, que liga a Luanda, está de tal forma péssima que a transportadora que fazia a rota Luanda-Dundo suspendeu os serviços", aponta, reforçando a motivação do protesto.

"Por isso estamos a promover essa manifestação no próximo dia 3 de Fevereiro. Nós, a juventude do Dundo em representação do povo da Lunda-Norte".

Apesar da insistência em declarar a independência da contestação, Rita avança que o governo provincial prometeu averiguar se o grupo de jovens está ou não ligado ou a ser instrumentalizado por um partido político.

Enquanto isso, lamenta a jovem, as campanhas de intimidação prosseguem.