Numa publicação na sua página do Facebook, que encabeça com a frase "Contra o bullying racista e xenófobo à volta do cidadão angolano Adalberto Costa Júnior e por uma clarificação dos conceitos de angolanidade e cidadania angolana", Marcolino Moco assume que está a protestar contra a política de "desqualificação gratuita" de "outras" figuras e ou organizações políticas, "pela via mais baixa possível".

E aproveita para sublinhar que não tem conseguido saber o que pensa ou tem dito a UNITA e o seu líder a propósito da questão de Cafunfo "porque a TPA e agora também a TV Zimbo, voltaram (sabemos que não é por culpa dos jornalistas!) a não passar tudo que seja relevante da oposição (surpreendentemente triste!)".

Mas nesta sua publicação, o que o antigo dirigente do MPLA pretende é mesmo deixar clara a sua veemente crítica à forma como se está "a insinuar que Adalberto Costa Júnior não é angolano", centrando a sua assumida "preocupação" por ver essa distinção pejorativa num documento emanado do Bureau Político do MPLA.

"O que quer que seja, insinuar, sequer, que Adalberto Costa Júnior (ACJ) não é angolano, ouvi-lo de várias bocas, e agora pressenti-lo num comunicado do BP do MPLA, é algo que me deixa muito preocupado", afirma.

"Recordo que foi sempre a mesma posição que tive, perante insinuações de que o ex-presidente José Eduardo dos Santos não era angolano", acrescenta.

E de seguida recorda que, sendo Angola um país independente há menos de meio século, uma grande parte da sua população nasceu portuguesa, a antiga potência colonial, e que os angolanos "são pretos, brancos e mestiços".

"A maioria nasceu em Angola, mas nem todos poderiam ter nascido aqui. ACJ, por acaso, nasceu em Angola, na actual província do Huambo. Nacionalidade (formal) portuguesa eu, por acaso, hoje não tenho. Mas quantos a têm, por diversas razões, em todos os quadrantes sociais angolanos?", questiona.

Esta posição de Marcolino Moco surge numa altura em que os ataques ao presidente da UNITA assumem uma dimensão cada vez mais saliente, sendo essa menção num comunicado do BP do MPLA o último passo nesse ataque.

Recorde-se que foi publicamente conhecido que Adalberto Costa Júnior abdicou da dupla nacionalidade antes do Congresso onde foi eleito, em 2019, sublinhando na época que a dupla nacionalidade tinha sido uma questão instrumental no período em que representou o seu partido em Lisboa, durante o conflito armado.