Em declarações à Jeune Afrique, publicadas hoje na sua edição online, o líder do maior partido da oposição de Angola aponta as suas reticências em relação à governação de João Lourenço.

"Tudo o que tem sido feito continua a ser uma manobra do MPLA para manter o poder", considera Isaías Samakuva, para quem o Presidente da República estava obrigado a afastar de cargos-chave os filhos do seu antecessor, José Eduardo dos Santos.

"Lourenço não teve escolha. O partido tornou-se perigosamente impopular e era preciso melhorar a sua imagem no exterior, tendo em conta que o país precisa de investidores", assinala o líder da UNITA.

Apesar de admitir que o Chefe de Estado e do Executivo até possa estar de acordo com essa "purga", Samakuva defende que "a sua independência ainda não é clara".

Para além das apreciações políticas sobre João Lourenço, o presidente do "Galo Negro" revela que são conhecidos de infância. "Fomos vizinhos em Nova Sintra [hoje Catabola, município do Bié], e sempre nos falámos", conta Samakuva à Jeune Afrique.

À mesma publicação, o presidente dos 'Maninhos' explica que a UNITA concorda "com o princípio" subjacente ao repatriamento de capitais, e reafirma o empenho da força política que dirige em libertar a economia da dependência do petróleo, promovendo, por exemplo, a agricultura familiar.

O 'Galo Negro' considera igualmente fundamental "reformar a comissão eleitoral", lembrando que a mesma é "composta por 17 membros, dos quais 12 são do MPLA".