A Associação dos Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA) diz que a situação tem gerado constrangimentos aos clientes que ficam dias à espera das mercadorias na província de Cabinda, e que há um grande estrangulamento de tesouraria da parte das empresas.

Segundo a ATROMA, a dificuldade em abastecer na província do Zaire tem também criado um mal-estar entre os camionistas e as suas empresas, visto que há contratos em que a mercadoria tem que de ser entregue no máximo em dois dias, mas devido às filas para o abastecimento de combustível esse período é ultrapassado.

Conforme os camionistas, as longas filas são intermináveis nas bombas onde há combustível, o que tem criado desconforto aos condutores de longo curso.

Ao Novo Jornal, asseguram que abastecer no Zaire é a principal "dor de cabeça" para quem utiliza a rota Luanda-Luvo-Noqui, até Cabinda, passando pela República Democrática do Congo (RDC).

Conforme os transportadores, as bombas nunca têm combustível, sobretudo nos postos fora das localidades.

Recentemente, alguns responsáveis de bombas afirmaram que não há escassez de combustíveis, e que o problema está na procura, que é maior do que a oferta.

Entretanto, alguns populares asseguram que os combustíveis continuam a ser desviados para o País vizinho, facto confirmado pelas autoridades policiais.

No entanto, alguns cidadãos dizem que o combate "sem trégua" ao contrabando de combustível não está a devolver aos postos de abastecimento o normal fornecimento.

António Gavião Neto, presidente da ATROMA, disse ao Novo Jornal que a associação teme que as empresas do sector, por causa dessa dificuldade, comecem a reduzir pessoal, por conta das perdas financeiras que as empresas estão a ter.

"Em termos contabilísticos, os custos estão a ser altos porque estamos a perder muito tempo no Zaire, apenas para abastecer. As autoridades precisam é de encontrar soluções e descobrir onde estão a falhar", afirmou.

No passado mês de Janeiro, a Polícia Nacional passou a proibir os camionistas de andarem com reservatórios cheios.

Segundo estes, essa situação apenas veio criar dificuldades na continuidade da viagem.

Ao Novo Jornal, explicaram que para fazer a viagem de Luanda a Cabinda têm de ter no mínimo 300 a 600 litros de combustível reservados.

Segundo os camionistas, se a actuação da polícia fosse apenas por causa dos reservatórios adulterados "tudo bem", mas não percebem por que razão proibiram também o abastecimento dos reservatórios de fabrico original.

Ao Novo Jornal, contam que são igualmente contra as adulterações dos reservatórios, mas asseguram que apoiam a luta contra o contrabando do combustível, quando esta for justa.

Para a ATROMA, não faz sentido as autoridades suspeitarem de contrabando nos reservatórios originais dos camiões.

"Não faz sentido porque estes equipamentos são de fábrica, e quando chegam a Angola são inspecionados e licenciados. Não faz qualquer sentido o seu impedimento", contou.

Vale lembrar que, em Novembro do ano passado, a Sonangol tentou impor limites na venda de combustível em bidões e nos veículos, mas recuou na decisão por existirem no País localidades onde não há postos de abastecimento, como noticiou o Novo Jornal na ocasião.

Na altura, os camionistas reagiram mal à decisão da petrolífera, afirmando que a situação traria constrangimentos na vida das pessoas, sobretudo fora das cidades.

A ATROMA diz que apoia a actuação da polícia contra os reservatórios adulterados, mas é contra o impedimento daqueles que são originais e licenciados.

Apesar das dificuldades que os camionistas enfrentam no abastecimento, o Novo Jornal sabe que o contrabando de combustível continua a ser uma realidade, apesar do cerco da PN.

Segundo dados policiais, todas as semanas são apreendidos milhares de litros de combustíveis em caminhos fiotes, para a RDC, através da fronteira com o Zaire.