Uma discussão pública é outra das exigências, no sentido de se encontrar um local alternativo para o referido monumento a ser implantado naquela que é uma praça histórica, onde foi edificada, em 1851, a estátua de Pedro Alexandrino da Cunha, Capitão de Mar e Guerra, que já tinha sido retirada do local e colocada na Fortaleza de São Miguel.
A estátua, que foi erigida graças ao esforço da população e uma recolha de fundos entre os comerciantes de Luanda, serviu para homenagear o governador-geral de Angola entre 1845 e 1848, conhecido pela sua luta contra o tráfico de escravos. Pedro Alexandrino da Cunha foi ainda responsável pela regulamentação de vários sectores da cidade, desde a recolha do lixo, à presença dos animais nas ruas, iluminação, horários do comércio. Com a criação do "Boletim Official" passou a ser considerado o pioneiro da Imprensa Angolana.
Osvaldo Amaral, director do Gabinete Provincial de Infra-estruturas e Serviços Técnicos do GPL, informou o Novo Jornal online, na passada terça-feira, dia 29, que as obras em curso para a construção do monumento ao Soldado Desconhecido são da responsabilidade dos ministérios da Construção e da Cultura e do GPL. Esta intervenção numa das zonas mais importantes da baixa de Luanda começou há uma semana e estará concluída no dia 08 de Agosto.
Cristina Pinto, vice-presidente da Associação Kalu, assegura que foi ainda entregue uma carta ao Presidente da República, à ministra da Cultura, ao governador da Província de Luanda e ao representante dos partidos políticos na Assembleia da República.
Para Cristina Pinto, "temos vindo a assistir, aos poucos, ao desaparecimento do Centro Histórico da Cidade de Luanda, que até está protegido pelo despacho presidencial 51/92. O problema é que ninguém respeita esse despacho".
"Esta demolição não é a primeira. É fundamental que haja mais respeito pela memória da cidade. Há um discurso do Presidente da República em que ele diz que «não há futuro sem passado». Ora, isso passa por respeitar a memória", diz, denunciando que "foram ainda destruídas árvores centenárias".
Cristina Pinto conta que a maior parte das demolições acontece fora dos olhares dos cidadãos. "Há muitos que foram destruídos durante a noite", garante. "Esta praça era uma das portas do mar, antes da construção do porto. Eu acredito que isto se deve mais à ignorância das pessoas do que à tentativa de apagar a história. Em Luanda, o património histórico vai dando lugar a prédios com vidros espelhados, próprios de um novo-riquismo", lamenta a vice-presidente desta organização não-governamental.