Manuel Nunes Júnior, que à data dos factos era o ministro de Estado da Coordenação Económica e Social, foi arrolado pela defesa do réu Valter Filipe, através do advogado Sérgio Raimundo, por ter, supostamente, participado numa audiência que o Ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, concedeu aos alegados representantes de um sindicato bancário que criaria o fundo de financiamento de 30 mil milhões de dólares.

O actual ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social foi citado várias vezes nas sessões de discussão e julgamento pelos réus Valter Filipe e José Filomeno dos Santos "Zenu dos Santos" por terem participado num encontro, em Junho de 2017, na Presidência da República, em que o mesmo esteve presente na qualidade de ministro.

O antigo presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola e filho do Ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, apresentou junto ao processo, no mês de Dezembro do ano passado, durante o seu interrogatório, fotografias do encontro em que estiveram presentes, entras outras individualidades, o então ministro de Estado da Coordenação Económica e Social.

Manuel Nunes Júnior poderá ser interrogado sob o conteúdo da audiência que José Eduardo dos Santos concedeu aos alegados representantes de um sindicato bancário em 2017, uma vez que participou pode confirmar, ou não,se tem conhecimento que o antigo chefe de Estado terá autorizado o então governador do BNA, Valter Filipe, a transferir os 500 milhões de dólares para Londres.

Sérgio Raimundo, advogado do ex-governador do BNA, só não dispensou o ministro, por achar que o seu depoimento será importante para a descoberta da verdade material.

No mês passado, o advogado pediu aos juízes do Tribunal Supremo que dispensassem os nomes de João Lourenço, Frederico Cardoso, Pedro Sebastião e de Lito Cunha, por entender que tudo o que queria saber foi já explicado polo ex-ministro das Finanças, Archer Mangueira.

A sessão de discussão e julgamento desde caso continua em fase de interrogatório aos declarantes mas tem sido marcado por divergências entre a acusação (o Ministério Público) e os advogados de defesa dos réus, que se envolvem amiúde em trocas de palavras sobre a natureza das perguntas colocadas aos declarantes.

De recordar que, para além de Valter Filipe e José Filomeno dos Santos, estão igualmente sentados no banco dos réus o ex-director do Departamento de Gestão de Reservas do BNA, António Samalia Bule, e o empresário Jorge Gaudens, proprietário da empresa Mais Financial Services.

Os réus respondem pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais, burla por defraudação e tráfico de influência.