É um dado adquirido e não questionado por ninguém que as pandemias, como as do passado, devidamente estudadas, confirmam, não têm uma fase de crescimento totalmente aleatória, evoluindo antes num ciclo de vida bastante conhecido da ciência, e por fases bem definidas: surto inicial, fase de aceleração, ponto de inflexão, desaceleração e fim.
Como os analistas da SUTD que neste início de Maio divulgaram o calendário de vida desta pandemia da Covid-19 reafirmaram, apesar de a aleatoriedade não ser total, há elementos determinantes para o seu comportamento geográfico, como, por exemplo, as medidas tomadas nos vários países, ou mesmo continentes, a descoberta ou não de um tratamento, levando a uma variação suplementar à que existe na natureza da pandemia em si própria, como é o caso da contagiosidade do elemento patogénico, seja vírus ou bactéria...
Mas a matemática, como nota o site especializado BioTechniques, pode responder a essas nuances e foi a ela que os cientistas da Universidade de Singapura recorreram para afirmar que em Dezembro deste ano, a Covid-19 estará extinta em todo o planeta.
Para isso, criaram um modelo de análise do ciclo de vida da pandemia denominado SIR, que se baseia na relação de susceptibilidade entre infecção e recuperação de doentes, e os dados globais de casos e mortes.
Com dados actualizados ao minuto e a sua monitorização em todo o mundo recolhida no SIR, analisando as suas fases, do surto ao fim, passando pelo pico e o declínio, a aceleração e a desaceleração, os analistas da SUTD previram, já a 30 de Abril, com 100% de certeza, que a 04 de Dezembro a pandemia estará extinta em todo o mundo.
Mas, em alguns países, dados que o SIR também fornece, o fim da Covid-19 está marcado para bastante mais cedo, como Singapura, onde, a 28 de Junho, já não haverá doentes infectados, o mesmo para o Reino Unido a 27 de Agosto ou nos EUA a 20 de Setembro.
No entanto, embora, por exemplo, não sejam conhecidos dados sobre as previsões para o continente africano, a equipa responsável por esta análise sublinha que existem elementos imprevisíveis que podem ocorrer e alterar estes dados, como é disso melhor exemplo o surgimento de um medicamento, como uma vacina, mas também mudanças bruscas nos planos nacionais de combate à infecção, entre outros.
O próprio líder da equipa, Jianxi Luo, num relatório que acompanhou esta divulgação, adverte para o facto de não ser aconselhável um excesso de optimismo nem que estes dados sejam justificação para quaisquer relaxamentos nos planos de contenção da Covid-19.
Mas sublinhou, em defesa do estudo, que os resultados obtidos são pretendidos como objectivos mesmo que incertos pela natureza da pandemia e pela heterogeneidade logo insuficientes para encaixar todas as realidades do mundo em que que vivemos.