Segundo Álvaro João, porta-voz da Procuradoria Geral da República, o também empresário e dono do clube de futebol Kabuscorp foi ouvido na Direção Nacional de Acção Penal e posto em liberdade, mas com termo de identidade e residência e apresentação periódica às autoridades, estando interdito de sair do País.

O general Bento dos Santos "Kangamba" foi detido este sábado por indícios da prática de crime de burla por defraudação quando tentava a fuga pela fronteira com a Namíbia, de acordo com um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR).

No mesmo documento, a PGR afirma que o oficial na reforma, aquando da detenção, tinha consigo uma arma e valores em moeda nacional e em rands sul-africanos.

No dia seguinte, a assessoria de imprensa do general enviou um comunicado às redacções em que é exposto que 'Kangamba' tem colaborado com a Justiça e tem pago uma dívida relativa a um caso de "suspeitas do crime por defraudação" a que foi sujeito.

"Nunca o Sr. Bento dos Santos 'Kangamba' ou os seus representantes legais foram notificados de qualquer medida de coação que, porventura, lhe tenha sido aplicada, o que significa que era um homem livre, podendo circular dentro e fora das fronteiras de Angola, sem qualquer restrição", referem em comunicado os assessores.

Apenas na sexta-feira o general terá sido "notificado, através dos seus mandatários legais para ser ouvido em autos, no dia 5 de Março de 2020", refere o mesmo comunicado, adiantando que, uma vez informado, "o Sr. Bento dos Santos 'Kangamba' prontificou-se a regressar a Luanda, ainda durante o fim-de-semana, uma vez resolvidos os problemas que o tinham levado a viajar" para o sul de Angola.

'Kangamba' "não teria como estar 'em fuga', argumenta a assessoria de imprensa do general, referindo que "em primeiro lugar, porque não pendia sobre si nenhuma interdição de saída, ou qualquer outra medida de coação e, em segundo lugar, porque fez toda a sua vida em Angola, tem todo o seu património em Angola e a aludida dívida, que foi forçadamente contraída a alguém que pretendia expatriar os seus capitais, à revelia da legislação em vigor, já era de montante bastante inferior ao património que possuiu".

"A sua precipitada detenção, de forma ilegal, ilícita e abusiva, que aqui e agora protestamos veementemente, constitui uma violação grosseira às normas mais elementares de qualquer estado democrático e de direito e demonstra, de forma clara e inequívoca, a gratuita intenção de humilhar publicamente um homem que tanto contribuiu, como militar, político e empresário, para o engrandecimento de Angola", lê-se ainda no comunicado.

Em Outubro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda tinha emitido um mandato judicial de arresto de bens pertencentes ao general e à sua mulher Avelina dos Santos, sobrinha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.