Os 50 cidadãos foram detidos no dia 20 pela Polícia Nacional após centenas de populares se revoltarem contra a decisão de demolir dezenas de habitações precárias por parte da administração municipal de Cacuaco.

Segundo relatos de testemunhas, tudo começou quando elementos da fiscalização da administração de Cacuaco tentavam demolir casebres erguidos ilegalmente, no Santuário dos Imbondeiros, bairro Merengue, nos arredores da centralidade do Sequele.

Em resposta, populares insurgiram-se contra os fiscais e efectivos da Polícia Nacional, criaram barricadas, acenderam pneus nos dois sentidos da via principal do Sequele, e atacaram automobilistas e transeuntes que circulavam na via.

Os revoltados partiram vidros de viaturas e agrediram fisicamente alguns transeuntes. Facto é que um dos automobilistas que viu partido o vidro da sua viatura disparou contra um dos jovens que praticou acção, e este morreu no local.

Segundo a administração municipal de Cacuaco, os manifestantes tinham sido orientados a abandonar o local, mas recusaram, "numa demonstração clara de desrespeito às autoridades".

O administrador de Cacuaco, Auxílio Jacob, disse à Rádio Nacional que as pessoas que bloquearam a estrada e apedrejaram as viaturas fazem parte de "grupos organizados" constituídos por antigos funcionários da administração local e ainda "figuras graúdas das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional".

O objectivo, segundo o dirigente, é criar condições para construir ali e fragilizar as autoridades, de forma a criar uma situação de facto, passando as construções precárias a definitivas.

De recordar que o tumulto aconteceu dias depois de as autoridades administrativas locais e da Empresa Gestora de Terrenos Infra-Estruturados (EGTI,EP) terem anunciado a demolição de mais de 3.000 casebres construídos em áreas de reserva fundiária do Estado, nos arredores do Sequele.